De acordo com o INCA – Instituto Nacional do Câncer –, o câncer de mama é o responsável por 22% dos novos casos de câncer que acometem as mulheres a cada ano. A boa notícia é que, diagnosticado precocemente e tratado adequadamente, a maior parte das pacientes têm um bom prognóstico. No Brasil, entretanto, a taxa de mortes continua elevada, porque a doença é identificada tardiamente. No mundo, a expectativa de sobrevida após cinco anos é de 61% dos casos.
Depois do câncer de pulmão, o câncer de mama é a maior causa de óbitos entre as mulheres e o número de casos vem crescendo de forma preocupante desde os anos 1970, fato relacionado ao aumento da longevidade e principalmente à adoção de comportamentos que agridem o organismo, como exposição à poluição, má alimentação e sedentarismo. Segundo a OMS – Organização Mundial da Saúde – nas décadas de 1960 e 1970 houve um aumento de dez vezes do total das taxas de incidência.
O tecido que forma os músculos peitorais em homens e mulheres é idêntico e, portanto, a população masculina também está exposta ao câncer de mama, apesar de representar menos de 1% dos diagnósticos. Isto ocorre porque a principal função das mamas é a produção de leite; portanto, estas glândulas são infinitamente mais estimuladas orgânica e hormonalmente nas mulheres, não apenas durante a lactação, mas em todos os ciclos férteis.
Os fatores de risco são a idade avançada, a exposição prolongada aos hormônios femininos, sobrepeso e obesidade e histórico familiar. Também estão mais propensas ao câncer de mama as mulheres que menstruaram precocemente (antes dos 12 anos), entraram na menopausa tardiamente (depois dos 50 anos) e tiveram filhos após os 35 anos. Mulheres que não amamentaram o submeteram-se à reposição hormonal também compõem este grupo, mas há um número significativo de pacientes sem nenhuma destas características.
A doença é relativamente rara antes dos 35 anos. A partir desta idade, o número de casos torna-se cada vez maior. Por isto, é importante a realização de mamografias regularmente. A cada ano, no Brasil, ocorrem quase 13 mil mortes por câncer de mama.
Os tipos de câncer de mama
O câncer é o nome comum a vários tipos de doenças que provocam a aceleração descontrolada da multiplicação celular. Os carcinomas (tumores que surgem no tecido epitelial) respondem por até 85% dos casos de câncer de mama. O mais comum é o carcinoma ductal invasor, que forma um nódulo sólido no parênquima, tecido que forma a parte funcional dos seios. Pode se apresentar como massa palpável (inclusive no autoexame), como derrame papilar (quando a paciente apresenta secreção através dos mamilos fora dos períodos de gravidez e lactação) ou por alterações na mamografia.
Os tumores dos tipos tubular, medular e mucinoso, que representam cerca de 12% dos cânceres de mama e apresentam bom prognóstico, com sobrevida de dez anos em torno de 90%, de acordo estudos internacionais.
Os sintomas e o diagnóstico
Em geral, no autoexame, a mulher percebe um nódulo único, não doloroso e endurecido na mama. Outros sintomas devem ser observados: vermelhidão, aumento ou mudança na forma de um dos seios, gânglios linfáticos alterados (especialmente nas axilas), edema, retração da pele ou do mamilo podem indicar o desenvolvimento de um câncer de mama.
O diagnóstico é obtido principalmente através da mamografia, a radiografia dos seios. Outros exames clínicos e laboratórios são adotados para obter o diagnóstico de certeza. A maior parte dos nódulos nas mamas é benigna, mas é conveniente realizar uma biópsia – a retirada de parte do tumor para análise – para identificar seu estágio, extensão e possível malignidade.
Os estágios do câncer de mama são definidos pelo sistema TNM (tumor, nodos e metástases), que avalia a quantidade de tecido prejudicada pelo tumor, o comprometimento dos gânglios linfáticos (ou linfonodos, pequenos órgãos atravessados por dutos, que atuam na defesa do organismo, produzindo anticorpos) e a presença de metástase, a formação de uma nova formação tumoral sem ligação com o tumor original.
O tratamento
Como ocorre em todos os tipos de câncer, o diagnóstico precoce é o principal auxiliar na recuperação da saúde. Quanto mais cedo o câncer de mama for detectado, maiores são as probabilidades de extirpá-los com técnicas menos invasivas.
Em casos mais avançados, torna-se necessário o uso da quimioterapia, radioterapia e hormonoterapia.
Em muitos casos, a mastectomia – retirada parcial ou total da mama afetada – é o único recurso. Recentemente, o Congresso Nacional aprovou legislação que obriga o SUS – Sistema Único de Saúde – a realizar a reconstrução das mamas no mesmo procedimento em que a mastectomia foi realizada.
Nos casos muito avançados, é preciso tratar os tumores secundários. Neste grupo encontra-se a maioria das pacientes que vão a óbito.
Dicas de prevenção
A partir dos 20 anos, o autoexame das mamas deve ser feito mensalmente, preferencialmente uma semana após o início da menstruação. Estudos indicam que 90% dos tumores de mama são identificados pela própria paciente.
Entre os 20 e 40 anos, as mamografias devem ser realizadas a cada dois ou três anos. A partir do 40 anos, os exames precisam ser anuais.
Homens a partir dos 50 anos também precisam do autoexame: deve-se verificar a presença de secreções, formação de nódulos abaixo da aréola, ulcerações e retrações de tecidos.