Bons motivos para não beber refrigerantes

Definitivamente, este texto não é sobre a péssima experiência de encontrar um rato morto dentro de uma lata – um “efeito colateral” da falta de higiene no transporte ou armazenamento. Existem bons motivos para não beber refrigerantes, substituí-los por água e sucos ou, ao menos, tornar o consumo menos frequente. A saúde agradece.

Em primeiro lugar, refrigerantes são produtos industrializados e, para aumentar seu prazo de validade, é preciso adicionar conservantes, antioxidantes, umectantes, etc. Nenhum destes aditivos é potencialmente prejudicial, mas há casos de reações alérgicas e problemas gastrointestinais.

O sódio

Para realçar a cor e o sabor dos refrigerantes, entram em sua composição os corantes, aromatizantes e outras substâncias não saudáveis quando consumidas em excesso. O sódio, por exemplo, é fundamental para a saúde humana, mas o teor elevado causa problemas renais, retenção de líquidos e hipertensão arterial.

O sódio é fundamental para manter o equilíbrio aquoso do organismo, mas é preciso cuidado. A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda o consumo de dois gramas diários do mineral por dia (os brasileiros consomem 4,7 gramas em uma dieta de duas mil calorias, mais do que o dobro preconizado).

Um copo de 200 mililitros de refrigerante pode conter até 2,8 miligramas de sódio (as bebidas light contêm um teor maior, para compensar a eliminação do açúcar). Este fato, combinado com o consumo de outros alimentos industrializados, como os embutidos, sopas prontas, congelados, etc., faz com que ultrapassemos em muito a ingestão indicada, prejudicando o equilíbrio orgânico e, no médio prazo, a qualidade de vida.

O açúcar

Em excesso, o consumo de açúcar impede a correta absorção do cálcio, nutriente fundamental para a formação e manutenção dos ossos. Com o tempo, isto pode levar à instalação de osteoporose, que enfraquece o esqueleto e aumenta o risco de fraturas e luxações.

Um estudo da Escola de Medicina da Tufts University (Massachusetts, EUA) determinou que o consumo por mulheres de apenas três copos de refrigerante chega a determinar uma perda de 4% de absorção óssea na região dos quadris.

Dentistas americanos apelidaram uma condição bucal com o nome de uma marca de refrigerante bastante comercializada no país, um sucesso entre as crianças. O problema é que o excesso de açúcar provoca muitas cáries e estes pequenos consumidores chegam aos consultórios odontológicos com os dentes em péssimas condições.

Light?

Sobrepeso e obesidade também resultam do excesso de açúcar, além de outros ingredientes dos refrigerantes e mesmo os produtos “zero” e “light” podem aumentar a circunferência abdominal e o depósito de gordura nos quadris – os famosos culotes. Diversas marcas adotam substitutos para o açúcar que fazem o organismo entender que a glicose está sendo metabolizando, determinando o aumento de peso, que não é apenas um problema estético.

Um aditivo dos refrigerantes classificados como “diet” é o ácido fosfórico, utilizado para realçar o sabor das bebidas. A substância também está presente em alguns alimentos integrais, como carnes, leite e nozes, mas seu excesso leva a problemas cardíacos e renais, além de causar perda de massa muscular.

Mas mesmo que o consumidor não ganhe peso, os refrigerantes com açúcar são prejudiciais à saúde cardiovascular, especialmente entre as mulheres, que são mais propensas a desenvolver altos níveis de triglicérides – a popular “gordura no sangue”, que tende a envolver os órgãos abdominais, levando, com o tempo, ao desenvolvimento de doenças coronarianas, hepáticas, acidentes vasculares cerebrais e diabetes do tipo II.

Mais problemas à vista

O caramelo usado nos refrigerantes de cola também é potencialmente perigoso. Ao menos duas substâncias químicas são cancerígenas. O consumo diário de 16 microgramas pode levar ao desenvolvimento de tumores (um copo de refrigerante “diet” de cola chega a ter 80 microgramas de metilimidazol, uma destas substâncias).

O óleo vegetal bromado (óleo de milho ou soja ao qual são acrescentados átomos de bromo) é um composto sintético que retarda a separação das fases dos refrigerantes (sabor, aroma, etc.). Entre outras funções, o óleo também é usado como retardador de chamas. O bromo, no entanto, é altamente tóxico: a alta concentração impede a fixação do iodo no organismo, levando a problemas de tireoide. O elemento químico também está relacionado à maior incidência de câncer de mama, útero, tireoide, próstata e ovários. O bromo também atua como depressor do sistema nervoso central e pode desencadear problemas psicológicos, como surtos de paranoia aguda. A toxicidade pode manifestar-se também por acne, arritmia cardíaca, fadiga, perda de apetite, dores abdominais, paladar metálico, manchas na pele e infertilidade (em homens e mulheres).

Nas latas de alumínio, o problema está em uma resina (bisfenol A), que impede a reação química entre os refrigerantes e os vasilhames. O problema é que a resina reage também com os hormônios humanos e está relacionada a alguns tipos de câncer, infertilidade e obesidade. Os fabricantes estão anunciando o uso de garrafas pet produzidas a partir de plantas (e, portanto, mais rapidamente degradadas no ambiente), mas não há estudos para eliminar o BPA.

Mais danos

Os refrigerantes também potencializam problemas cardíacos. O consumo diário de apenas um copo durante 20 anos aumenta em 20% os riscos de infarto do miocárdio em homens. Mas a substituição também deve ser feita com cuidado: a adoção de sucos com adição de açúcar, por exemplo, pode trazer outros problemas. O ideal é beber água e sucos integrais.

Outro motivo: os adoçantes artificiais dos refrigerantes “light” não são metabolizados totalmente pelo organismo; parte deles vai para os esgotos e dali para os cursos d’água. Uma pesquisa feita em 2009, na Suíça, colheu mostras de 19 lagos e rios e todas elas estavam contaminadas com acessulfame, sucralose, ciclamato e sacarina, substâncias usadas na produção das bebidas.