Não há quem resista a algumas escapadas nos finais de semana. Feriadões, festas de família e grandes comemorações populares, como o Carnaval, o Natal, o Ano Novo e a Páscoa, aumentam ainda mais a já extensa relação de tentações para comer e beber. Mesmo quem segue uma dieta balanceada nos dias normais se permite alguns excessos em datas especiais. Isto, no entanto, tem um custo: o aumento de toxinas no corpo.
Enquanto o grande problema do Carnaval é o alto consumo de bebidas alcoólicas, as festas de fim de ano, especialmente em um país tropical como o Brasil, representam um grande momento para o pecado da gula: copiamos a ceia dos países europeus (realizadas em um rigoroso inverno), com carnes gordurosas regadas a molhos espessos e frutas secas em lugar das dezenas de opções de frutas frescas do nosso verão. Pernil e lombo de porco, sob um calor de 30°C ou mais, são um convite para as toxinas também fazerem a festa em nosso organismo.
O resultado mais evidente dos exageros é o ganho de peso, mas, no médio prazo, podem surgir problemas mais graves de saúde, de varizes a doenças cardíacas. A barriga saliente, o surgimento da celulite e os quadris “ampliados” são um bom chamariz para os regimes “milagrosos” que nunca funcionam, mas são bastante populares especialmente nos meses mais quentes, em que a praia, a piscina e os parques pedem menos roupa.
Depois de um período de festas – ou das inevitáveis pizzas, esfihas e hambúrgueres do fim de semana – é preciso dar um tempo para o corpo eliminar as toxinas. A solução passa por um consumo alimentar eficiente. Não é preciso se privar dor prazeres da mesa, nem se sentir culpado pelo consumo de determinados alimentos, bebidas e condimentos.
Nestes momentos, no entanto, é preciso adotar uma dieta desintoxicante, para fazer uma “faxina” no organismo e se livrar das toxinas presentes no corpo. As regras são simples: muita água, substituição das carnes fritas pelas grelhadas e muita salada.
Em condições normais, não é preciso comer com uma receita de um médico ou nutricionista: basta que o prato seja o mais colorido possível. Pimentões, ervilhas, grãos de milho, cenouras, azeitonas e muito mais – tudo isto pode ser adicionado ao arroz, por exemplo, para obter uma refeição saudável, nutritiva e saborosa.
A inclusão de uma leguminosa – feijão, ervilha, lentilha, etc. – completa um prato que garante a absorção de nutrientes e a eliminação das toxinas. Lanches rápidos de manhã e à tarde – frutas, barras de cereais ou biscoitos integrais – facilitam bastante o retorno do equilíbrio orgânico.
Envenenando o corpo
Algumas pessoas simplesmente não esperam estas datas especiais para exagerar na dose: elas expõem o organismo diariamente a diversas substâncias: nitratos e nitritos (usados para a cura de carnes), aminoácidos, aminas, alcaloides, glicosídeos e compostos fenólicos.
Todos são comuns na alimentação diária (uma feijoada contém todas as substâncias) e mesmo no ar, o problema está no consumo excessivo, que leva ao aumento das toxinas no corpo.
Os problemas continuam com a ingestão frequente de gorduras ruins e conservantes químicos. Os pratos “cheios demais” também acarretam um maior consumo de agrotóxicos (presentes nas verduras e legumes), hormônios de crescimento (bastante comuns na criação de aves, vacas e porcos, além dos menos cotados cordeiros e cabritos) e temperos.
A pimenta, por exemplo, que consumida moderadamente auxilia na digestão, no emagrecimento e mesmo na prevenção de alguns tipos de câncer. O consumo exagerado, entretanto, provoca agressões às mucosas do estômago e dos intestinos, podendo gerar gastrites, úlceras e aderência precursoras de diverticulite e tumores malignos.
Respiração prejudicada
De forma imediata, as toxinas prejudicam a função das células. As mitocôndrias, organelas responsáveis pela respiração celular, são agredidas pelas toxinas e passam a agir de forma anômala, produzindo radicais livres, que oxidam as células e desequilibram a bioquímica do organismo.
Oxidar, neste caso, significa ocupar o oxigênio transportado pelo sangue arterial, que é o responsável pela produção de energia para as funções vitais. O primeiro efeito é a deterioração e morte das células (um dos sintomas é a perda de elasticidade dos tecidos musculares e epiteliais, fato que provoca o envelhecimento precoce).
Além disto, o fígado e os rins, órgãos responsáveis por metabolizar substâncias agressivas – eles funcionam como verdadeiros filtros de impurezas no organismo – têm as suas funções prejudicadas. Com as funções comprometidas, diversas doenças podem se instalar – do acúmulo de gordura no fígado ao desenvolvimento de tumores malignos nos rins, que rapidamente se espalham para outros órgãos e tecidos (especialmente as vértebras da nossa coluna).
Consequências do exagero
O acúmulo de toxinas no corpo é traduzido facilmente em alguns sintomas. Cansaço, baixa resistência, retenção de líquidos (responsáveis pelos populares inchaços abdominais) e pele ressecada ou opaca podem surgir em poucos dias de acúmulo de toxinas no corpo.
Não há motivo para acender a luz vermelha nos casos esporádicos, no entanto. O organismo humano apresenta grande capacidade de eliminar toxinas através da transpiração, respiração, fezes e urina. Os problemas só acontecem nos excessos. Especialistas afirmam que, quando ocorrem abusos, o corpo tem necessidade de quatro a sete dias para restaurar o equilíbrio. A persistência em cultivar maus hábitos exige um período muito maior.
A principal dica dos nutricionistas para eliminar o risco de doenças e disfunções é organizar o cardápio. No período de desintoxicação, é preciso incluir oleaginosas, como nozes, amêndoas e castanhas, peixes de águas frias, como atum, sardinha e salmão, verduras verde-escuro, como a couve ou brócolis e frutas aquosas; melão, melancia, abacaxi, laranja e mexerica, que aumentam o volume da urina e regularizam as funções dos rins. O consumo de oleaginosas não pode ser excessivo, porque elas podem determinar um aumento de peso.
As bebidas alcoólicas devem ser evitadas no período de desintoxicação (que dura cerca de uma semana). As pessoas devem considerar este período como um “tempo de cura”. Doces (especialmente os industrializados) também precisam ser suspensos: antes de cair na corrente sanguínea, a glicose passa pelo pâncreas, que secreta insulina e controla a quantidade de açúcar que irá passar para o sangue.
O excesso de doces prejudica a ação do órgão, que deixa passar uma quantia maior de glicose. O efeito imediato é um pico de energia, mas o açúcar branco é facilmente digerível, por ter poucas calorias, e em poucos minutos sobrevém – ou retorna – a sensação de cansaço.
Não é pecado encher o corpo de toxinas algumas vezes por ano – dependendo do metabolismo, isto pode ocorrer uma vez por semana, sem prejuízo para a saúde. Nos dias seguintes, porém, abuse da água: ela hidrata, purifica o sangue, facilita a filtragem dos alimentos ingeridos e contribui para a formação do bolo alimentar, melhorando o funcionamento dos intestinos e a excreção.
Os especialistas, no entanto, recomendam um cuidado especial: não “castigue” o corpo regularmente com bebidas alcoólicas e comidas pesadas: o resultado pode ser fatal. Mesmo que não provoque a morte, prejudica sensivelmente a qualidade de vida. Como diz o poeta, “a vida é para ser vivida, a vida não é para ser sofrida”.