Os gatos eram considerados sagrados no Egito antigo – nem poderia ser diferente numa sociedade agrícola, exportadora de grãos, que recebia uma boa ajuda dos felinos na caça aos ratos e outros roedores. No entanto, na Idade Média, os gatos, especialmente os pretos, foram associados à bruxaria. Praticantes de religiões ancestrais europeias praticavam rituais de magia que foram considerados demoníacos pela Igreja Católica, e muitos gatos pretos foram para a fogueira, junto com seus donos. Esta é a origem da superstição que diz que gato preto dá azar.
Também na Idade Média, quando um castelo era atacado, os servos corriam para dentro das muralhas, os portões eram fechados e, em alguns casos, pontes levadiças eram erguidas. O único jeito de entrar era subindo os muros com escadas. Para evitar o assalto, soldados despejavam óleo ou piche fervente sobre os agressores que tentavam escalar. Pode-se imaginar o que acontecia a quem subia ou sustentava a escada. Por isto, até hoje a superstição afirma que passar debaixo de uma escada dá azar. Mas não passe: pode cair uma lata de tinta em você.
Muitas culturas acreditam que o reflexo é outra parte de nós mesmos. Algumas tribos africanas não permitem que seus habitantes sejam fotografados, porque a alma seria roubada. Os romanos aperfeiçoaram o espelho e, desde então, quebrar um deles e ver sua imagem estilhaçada é um mau agouro. Os sete anos estão relacionados a um número místico: sete são as cores do arco-íris, as fases da Lua duram sete dias e para os judeus o sete equivalia ao infinito (Jesus ensinou que devemos perdoar setenta vezes sete, isto é, perdoar sempre). Alguém juntou o espelho quebrado ao número, que chegou até hoje: sete anos de azar.
Os chineses usavam sombrinhas para se proteger do sol. O formato lembra o disco solar e era considerado sagrado. Abrir o objeto num lugar sombreado era um sacrilégio. Por isto, até hoje é dito que abrir uma sombrinha (ou guarda-chuva) dentro de casa atrai má sorte.
Se a ferradura dá estabilidade ao cavalo, também deve dar à nossa casa. Esta comparação gerou o costume de pregar uma ferradura na porta de entrada, para garantir a tranquilidade doméstica.
Cruzar os dedos é invocar a proteção da cruz em que Jesus morreu. E, por falar no iniciador do Cristianismo, pouco antes de morrer, ele participou da última ceia numa sexta-feira, com 13 participantes à mesa – ele mesmo e os 12 apóstolos. Por isto a sexta-feira 13 é sinônimo de azar.
Até hoje, enviar flores para homenagear um parente ou amigo recém-falecido é um hábito. Mas a origem do gesto também é supersticiosa: o círculo de flores teria o poder de prender a alma, para que ela não voltasse e assombrasse a família.
Aliás, por falar em superstição, há uma história interessante. Uma pessoa estava no cemitério, junto à sepultura de um ente querido, colocando flores. Ao lado, um budista punha alimentos em outra tumba. Irônico, o primeiro perguntou: “Quando será que seu parente virá pegar este alimento?”. O budista não se abalou e respondeu:
“Talvez no mesmo momento em que o seu vier sentir o perfume destas flores”. A superstição nunca é nossa, é sempre dos outros.