Trânsito congestionado, atrasos, violência urbana e distâncias que parecem insuperáveis são alguns dos motivos que fazem muita gente sonhar com uma casa no campo ou, ao menos, um lugar mais seguro e menos estressante e impessoal. Com dados do recenseamento realizado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) e do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), foi criado um ranking das melhores pequenas cidades para se viver.
Em comum, todos este municípios têm menos de cem mil habitantes e se destacam no IDH, uma medida comparativa da qualidade de vida, que utiliza a expectativa de vida ao nascer, educação, Produto Interno Bruto (PIB) per Capita, acesso ao conhecimento e nível médio de escolaridade. O IDH foi desenvolvido em 1990 e serve para classificar os países.
As melhores pequenas cidades para se viver
A média brasileira é de 0,73 (em uma escala de zero a um). O Brasil ocupa a 85ª posição entre os países avaliados. Em 1980, o IDH do país era de apenas, 0,55. No BRICS (grupo formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), estamos atrás apenas da Rússia.
Em primeiro lugar, está Águas de São Pedro (SP). A cidade tem apenas 2.700 habitantes e é a menos populosa entre as 50 melhores cidades brasileiras para se viver. Trata-se de uma estância hidromineral e a pequena distância entre o município e a capital paulista (187 km) garante um bom fluxo de turistas, fortalecendo a economia local. O IDH é de 0,854.
Joaçaba (SC), considerada a “Capital do Vale do Rio do Peixe”, fica no oeste do Estado. São 28 mil habitantes, em maioria descendentes de imigrantes gaúchos (principalmente da região de Caxias do Sul), descendentes de italianos e alemães. Inicialmente, a economia de Joaçaba era eminentemente agrícola, mas muitas indústrias do setor metal-mecânico estão instaladas. O IDH é de 0,827.
Com um IDH de 0,827, Vinhedo (SP), com 71 mil habitantes, fica na região de Campinas, a 75 km da capital. Em 2014, recebeu o selo de “cidade livre do analfabetismo”, concedido pelo governo federal (uma característica comum a apenas 64 cidades brasileiras). Vinhedo se destaca pela qualidade do nível das escolas municipais e pela presença de condomínios de luxo e atrações turísticas, como o parque de diversões Hopi Hari.
Nova Lima, na região metropolitana de Belo Horizonte (MG), com um IDH de 0,813 e 88mil habitantes, conquistou a quarta posição. Na cidade, estão instalados condomínios de alto padrão procurados bastante disputados por pessoas que trabalham na capital mineira, mas querem tem melhor qualidade de vida. Nova Lima possui um time de futebol, o Vila Nova Esporte Clube, mas também se rendeu ao rúgbi. Em parte, a cidade foi colonizada por ingleses.
Situada no noroeste paulista, Ilha Solteira é uma cidade que nasceu planejada, em 1968, para abrigar uma usina hidrelétrica da CESP no rio Paraná, na divisa com o Paraná (é a terceira maior produtora de energia elétrica do país) e seus trabalhadores. Hoje, a economia se baseia também na indústria e na pecuária. Esta estância turística conta com um campus da UNESP, com oito cursos de graduação e outros oito de pós-graduação. Ilha Solteira provê abastecimento de energia, água e saneamento básico para os seus 26 mil habitantes. O IDH é 0,812.
Com apenas 4.400 habitantes, Rio Fortuna (SC) ostenta um IDH de 0,806. A cidade é um oásis de tranquilidade, mas é vizinha dos badalados balneários Garopaba, Imbituba e Laguna – e fica a pouco mais de cem quilômetros de Florianópolis. A economia se baseia na agropecuária familiar e, mais recentemente, foram instaladas empresas de piscicultura.
No vale do Itajaí, Rio do Sul (SC), com 66 mil habitantes, é bastante fiel às tradições alemãs, inclusive na gastronomia. As escolas municipais (de ensino integral) contribuem para um IDH de 0,802. Na economia, destacam-se os setores agropecuário, eletrônico, metal-mecânico e têxtil. O principal problema da região são as constantes cheias do rio Itajaí-Açu, que ultrapassam seis metros.
Quase na fronteira com o Paraguai, a 650 quilômetros de Florianópolis, fica São Miguel do Oeste (SC), com um IDH de 0,801. Oficialmente, a cidade, de 40 mil habitantes, foi fundada em 1956, mas guarda a tradição dos imigrantes italianos e alemães, atraídos pela extração da madeira. O município integra a região metropolitana de Chapecó (são 200 municípios e dois milhões de habitantes). A cidade se destaca nos setores metal-mecânico, de móveis, de transportes e de software.
Pirassununga (SP), com 70 mil habitantes, fica a 206 quilômetros de São Paulo. A cidade, com IDH de 0,801, sedia a Academia da Força Aérea Brasileira, um campus da USP (com cursos de Zootecnia e Engenharia de Alimentos), o Forte Anhanguera do Exército, o Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Peixes e, para os turistas, o distrito da cachoeira das Emas, com restaurantes especializados que recebem milhares de visitantes. O nome Pirassununga significa “fazer barulho”, em tupi. É uma referência ao barulho da piracema (quando os peixes sobem o rio para a reprodução), que ocorre todos os anos, em dezembro, no rio Mogi-Guaçu.
Concórdia (SC) fica a 450 quilômetros de Florianópolis e exibe um IDH de 0,800. O maior rebanho de gado de leite está em Concórdia, que também sedia o Centro Nacional de Suínos e Aves. Em 2014, a cidade obteve o primeiro lugar estadual pelo Índice FIRJAN de Desenvolvimento Municipal, que se baseia principalmente na geração e manutenção de empregos formais, renda, saúde e educação.
Cidades pequenas melhores para investir
Todas estas dez pequenas cidades são as melhores para se viver e também para investir. Até os anos 1990, abrir um negócio quase sempre significava estabelecer um empreendimento em uma metrópole, ou ao menos aproveitar uma oportunidade em uma cidade de porte médio: a ausência de uma lanchonete ou de um depósito de material de construção.
Os tempos mudaram. Surgiram oportunidades em todas as regiões do país. A Fundação Getúlio Vargas elaborou um ranking das melhores pequenas cidades (entre 50 mil e 100 mil habitantes) para empreender. A lista engloba Balneário Camboriú (SC), Vilhena (RO), Ariquemes (RO), Nova Serrana (MG) e Sorriso (MT).
Balneário Camboriú se destaca pelo turismo, mas o empreendedor deve visar aos consumidores locais e visitantes de fim de semana, e não apenas aos turistas de verão. Vilhena se tornou um importante entreposto comercial (na cidade, foi estabelecido o primeiro shopping center da região).
Ariquemes é o primeiro município em arrecadação do interior de Rondônia, com economia baseada na pecuária, produção de café, cacau, guaraná e cereais e extrativismo mineral (é a principal cidade do mundo na extração de cassiterita).
Nova Serrana é o terceiro polo produtor calçadista do país, com 850 fábricas de calçados (quase todas de pequeno porte). Faltam empresas que prestem serviços auxiliares para a indústria, que também sofre por não contar com mão-de-obra especializada.
Sorriso é o maior produtor de vegetais do Brasil: arroz, algodão, soja e milho (a cidade responde por 17% da safra agrícola do Mato Grosso). O município também é forte na pecuária: a população do gado bovino é de 40 mil cabeças. Sorriso também é forte na criação dos suínos, caprinos, aves de corte e de postura, abelhas e peixes. A cidade produz dez mil litros de leite por dia, mas ainda precisa desenvolver a indústria de laticínios.
Todas estas cidades demandam diversos serviços para continuar se desenvolvendo. As oportunidades não surgem apenas nas muitas vagas de emprego disponíveis, mas também na instalação de serviços de suporte – que vão desde a criação de restaurantes e lanchonetes até a fundação de escolas técnicas para capacitação da mão-de-obra. Está pensando em mudar o rumo da vida? Aproveite.