As maiores farsas paranormais da história

A paranormalidade é a ciência (ou pseudociência, para muitos estudiosos) que pretende fornecer explicações para eventos físicos ou psíquicos reais que independem da ação dos sentidos humanos, tais como a telepatia (transmissão de pensamentos), projeção da consciência para outras dimensões e a telecinese (capacidade de mover objetos sem o uso do corpo físico).

Para a maioria das escolas paranormais, a explicações para estes fenômenos não reside em inteligências externas (como explica a mediunidade, em centros espíritas e tendas de umbanda, creditando a entidades já mortas, aliadas a encarnados com dons especiais, a causa dos fenômenos extrafísicos), mas em nós mesmos, através de dotes pouco conhecidos que todos nós carregamos em maior ou menor grau.

Na ânsia de produzir provar sobre os pretensos poderes extrafísicos dos seres humanos, porém, muitos cientistas (ou experimentadores) produziram as maiores farsas paranormais da história, seja de boa-fé (para demonstrar a existência destes dons), seja apenas para ganhar um dinheiro fácil à custa de plateias crédulas, ávidas por sensações baratas. Vamos conhecer algumas delas.

Entortando colheres

Uri Geller é um israelense naturalizado inglês que ficou famoso nos anos 1970. Ele se declarava paranormal e viajou pelo mundo apresentando-se em teatros e emissoras de TV entortando colheres, adivinhando objetos ocultos e acelerando (ou travando) os ponteiros de relógios. Ele afirmava ter recebido seus dons extraordinários de seres alienígenas.

Legenda: Uri Geller, o paranormal desmascarado.
Uri Geller, o paranormal desmascarado.

O sucesso durou mais de 20 anos, mas tudo tem um final. O americano James Randi, um dos fundadores do Comitê para Inquérito Cético, no livro “The Truth about Uri Geller” (a verdade sobre Uri Geller), o investigador cético desmascarou o pretenso paranormal e chegou a imitar alguns de seus prodígios com técnicas de ilusionismo.

Geller moveu vários processos (inclusive contra o Youtube, que veicula vídeos com as trapaças paranormais), mas decidiu deixar de assediar Randi depois que este lançou o “desafio de um milhão de dólares”, que promete recompensar o primeiro paranormal que conseguir comprovar seus dotes psíquicos à frente de uma banca de pesquisadores.

Assombração

A casa da Ocean Drive, nº 112, em Amityville, em Babylon (condado de Suffolk, EUA), é espaçosa e confortável, o típico lar de subúrbio americano. Em 1965, a família DeFeo se mudou para lá. O filho mais velho, Ronald Júnior, porém, não se revelou um WASP (sigla em inglês para white, anglo-saxon and protestant, ou branco, anglo-saxônico e protestante, a classe média alta dos EUA). Dependente de drogas, ele começou a praticar pequenos furtos para sustentar seus vícios.

Em novembro de 1974, Júnior, em um surto psicótico, chacinou toda a família – os pais e seus quatro irmãos. Ele próprio foi pedir ajuda em um bar próximo e, para a polícia, afirmou que os pais tinham ligações com a Máfia, mas finalmente confessou os crimes, afirmando ter sido guiado por vozes do além que exigiam a morte da família. Ronald, conhecido com Butch (em uma alusão a açougue), foi condenado a mais de cem anos de prisão.

Ele seria apenas mais um assassino em série (fato comum nos EUA), se a sua história não tivesse ido para as telonas. Outra família se mudou para a casa, os Lutz. Ficaram apenas 28 dias no local. Chamaram um escritor, Jay Anson, para revelar as estranhas situações em Ocean Drive: enxames de moscas invadiam o local e uma “sala vermelha” no porão seria um portal diretamente para o inferno.

A família que se mudou para o endereço depois dos Lutz não relatou nenhuma atividade paranormal, mas Anson ganhou muito dinheiro com o livro “Terror em Amityville”, transportado para as telas de cinema, em 1977, com muito sucesso e com algumas continuações um tanto desastrosas.

A casa foi investigada por muitos paranormais – a mais famosa por Edward e Lorraine Warren – respectivamente, um demonologistas e uma clarividente, transformados em personagens do filme “Conjuração do Mal” (The Conjuring). Nada de especial foi encontrado em Ocean Drive.

O monstro do lago Ness

O monstro do lago Ness, na Escócia, também conhecido apenas pelo apelido de Nessie, é um ser avistado nas terras altas, exatamente no loch Ness. A sua existência continua sendo discutida por céticos e crentes, mas a criatura seria um plessiosauro, uma serpente ou réptil aquático. Em 2003, o governo escocês declarou oficialmente que o bicho não existe.

Legenda: O plessiosauro, espécie a que pertenceria o monstro do lago Ness.
O plessiosauro, espécie a que pertenceria o monstro do lago Ness.

 

Antes disto, no entanto, muitas montagens foram publicadas em jornais e revistas. O primeiro registro é bastante antigo. Santo Columbano, no ano 565, declara em suas memórias ter salvado um picto (habitantes que fundaram seu próprio reino e lutavam contra os romanos) do ataque de Nessie, quando o nativo trazia seu barco para que ele pudesse cruzar o lago Ness.

Em 1933, Marmaduke Wetherel foi contratado pelo jornal londrino Daily Mail para fotografar o monstro do lago Ness. Ao chegar ao lago, Wetherel encontrou pegadas estranhas de um bicho com patas de quatro dedos, fez moldes de gesso e enviou para o Museu de História Natural de Londres. Enquanto era esperada a análise, centenas de caçadores de monstros invadiram as margens do loch Ness.

O museu chegou à conclusão de que as marcas não eram de um monstro, mas de um animal semelhante a um hipopótamo. Também havia marcas da ponta de um guarda-chuva e de um cinzeiro. 60 anos depois, em 1993, o enteado de Wetherel, Christian Spurling, admitiu ter forjado o monstro com um pouco de plástico, folha de flandres, um relógio e um submarino de brinquedo. A imagem que correu o mundo foi uma “barrigada” para o Daily Mail, que não poupou críticas aos falsários.

Círculos em plantações

Os “crop circles” são comuns em várias partes do mundo. No Brasil, já surgiram em São Paulo e Santa Catarina. São figuras semelhantes a mandalas que aparecem misteriosamente em campos de trigo, centeio, cevada, milho e canola. Os primeiros círculos surgiram na Inglaterra, nos anos 1970, e a fama ganhou o mundo.

Legenda: Círculos em plantações na Inglaterra, forjados com maestria.
Círculos em plantações na Inglaterra, forjados com maestria.

São círculos gigantes, aparentemente sem explicação. Em 1991, no entanto, dois ingleses afirmaram ter feito os desenhos durante a noite, utilizando placas de madeira: foi uma piada. Auxiliados por um jornal londrino, os dois homens contaram com o auxílio de um “especialista” em círculos, que, após análise, declarou ter encontrado um padrão genuíno em campos de trigo de Kent, no sul da Inglaterra. Para ele, nenhum ser humano poderia ter criado o fenômeno.

Abominável Pé Grande

O pé grande (big foot ou sasquatch, em inglês) é descrito como um grande macaco (de 2 a 4,5 metros de altura) que habita nas regiões selvagens dos EUA e Canadá. De acordo com as lendas, o pé grande seria aparentado com o Iéti tibetano, o “abominável homem das neves”. Alguns antropólogos chegaram a afirmar que o bicho seria o elo perdido da evolução, a peça entre os humanos e os primatas superiores, como gorilas e orangotangos.

Legenda: O pé grande, como foi descrito por caçadores americanos e canadenses.
O pé grande, como foi descrito por caçadores americanos e canadenses.

Em 2007, uma expedição foi organizada para procurar o pé grande. Nada foi encontrado. No ano seguinte, dois caçadores americanos foram à imprensa para informar que haviam encontrado o corpo congelado do sasquatch. Exames posteriores comprovaram que o provável cadáver era apenas uma fantasia congelada de macaco. Os homens acabaram revelando que compraram o pé grande de outros caçadores, por um preço “incrivelmente baixo”, mas, mesmo assim, decidiram levar a farsa adiante.