Este é um espaço para poucos privilegiados. A caverna de Son Doong, no Vietnã, tem nove quilômetros de extensão, 200 metros de largura e 150 metros de altura. O local é acessível apenas por rapel e podem entrar somente 224 turistas a cada ano. Em 2015, o primeiro felizardo a descer foi Mohammad bin Zayed, príncipe de Abu Dhabi, capital dos Emirados Árabes Unidos.
Son Doong é a maior caverna do mundo, de acordo com a British Cave Research Association (BCRA), uma instituição que promove a espeleologia, que é o estudo das cavernas. A visita custa a partir de US$ 3.000 e dura até seis dias (dois dias de caminhadas pelo Parque Nacional Phong Nha-Ke, um patrimônio natural da humanidade, de acordo com a UNESCO, onde está localizada a caverna).
O ranking da BCRA leva em conta não apenas a extensão, mas o volume ocupado pelas cavernas. Em Son Doong, algumas de suas câmaras (são mais de 150, no total) poderiam abrigar um quarteirão inteiro de uma metrópole, cheio de arranha-céus.
As atrações de Son Doong têm início já na chegada: para entrar, é preciso descer 80 metros de rapel. Depois disto, é preciso acomodar-se em um acampamento com banheiros improvisados (sem chuveiros), antes de começar a exploração.
A caverna, porém, oferece compensações de folga. Os penhascos de Son Doong atingem 250 metros de altura, é possível avistar estalactites e estalagmites de 80 metros, além de fósseis nas paredes com mais de 300 milhões de anos.
Son Doong fica perto das montanhas Annamite, na Província de Quang Bihn, que faz fronteira com o Laos. A cidade mais próxima é Son Trach, um vilarejo com menos de 1.000 habitantes. O nome significa “rio da montanha”: a maior caverna do mundo possui lagoas, rios e matas “particulares”.
As maiores cavernas do mundo por extensão são:
- caverna Mammoth (mamute), uma rede de cavernas no Kentucky (EUA) com 644 km;
- sistema Sac Actun (ou sistema da caverna branca), uma caverna submarina com 311 km próximo a Tulum (México);
- Jewel Cave, cuja entrada é repleta de cristais (por isto o nome, que significa “caverna das joias”), com 282 km, na Dakota do Sul (EUA);
- sistema Ox bel Ha (o termo é maia é significa “três passos da água”), também submarino, com 257 km, em Quintana Roo (México);
- caverna Optymistychna, com 236 km, na aldeia de Korolivka (Ucrânia);
- caverna dos Ventos (Wind Cave): são 228 km de extensão, na Dakota do Sul (EUA). Algumas áreas são abertas para visitantes, que precisam ser acompanhados por guias.
Curiosidades sobre cavernas
Em extensão, a maior caverna marinha do mundo é Matainaka, na ilha sul da Nova Zelândia. Ele mede 1.540 metros lineares de comprimento e é modificada pela ação das marés. Ela é mais de três vezes maior do que a caverna que ocupa o segundo lugar: a caverna da baía de Mercer, também na Nova Zelândia, mas na ilha norte, que se estende por 470 metros.
O sistema Mammoth (Kentucky, EUA), cuja principal atração é a caverna do Mamute, é o maior do mundo em extensão e levou 25 milhões para ser formado pela ação do rio Verde e seus afluentes. O sistema é composto por uma rede de cavernas de calcário. Já foram explorados 644 km de vias no sistema até os dias de hoje.
A caverna marinha que apresenta o maior salão fica no sistema Sea Lion, em Florence, Oregon (costa oeste dos EUA). Uma destas escavações naturais possui 95 metros de comprimento, 50 metros de largura e 15 metros de altura, equivalente a um prédio de cinco andares.
Em terra firme, o maior salão está localizado na caverna de Lubang Nasib Bagus, em Sarawak (Bornéu, Indonésia). A área total é de 700 metros quadrados, o equivalente a sete campos de futebol. A largura média do salão é de 300 metros e a altura mínima, de 70 metros.
Cavernas no Brasil
A maior caverna do Brasil (e também do hemisfério sul) é a Toca da Boa Vista, localizada em Campo Formoso (norte da Bahia, a 550 km de Salvador), município conhecido por suas grutas e pela extração de esmeraldas. A toda se estende por mais de cem quilômetros.
A região possui uma curiosidade: as cavernas foram formadas antes mesmo de suas aberturas para a superfícies, que surgiram provavelmente em uma acomodação do solo. A Toca é resultado da dissolução de rochas por soluções ricas em ácido sulfúrico, que estavam presentes nas águas subterrâneas.
O resultado foi um labirinto de grutas, em um padrão incomum para outros sítios espeleológicos do Brasil. Ao lado da Toca da Boa Vista (menos de 700 metros), fica a segunda maior caverna do país: a Toca da Barriguda, com 30 quilômetros de extensão e dezenas de túneis a serem explorados – sem falar na possibilidade de ligação entre os dois sistemas.
A gruta do Janelão, em Januária (MG) possui algumas especificidades. Em primeiro lugar, por estar situada em uma propriedade particular, é preciso solicitar autorização prévia para explorar o local, que só é acessível com equipamentos adequados e o acompanhamento de guias.
A caverna tem pinturas rupestres caracterizadas por cores marcantes, espalhadas por um paredão de dez metros de altura. A dolina do Janelão (depressão em forma de funil, comum em terrenos calcários) abre uma visão panorâmica de toda à frente da entrada da caverna. O rio Peruaçu percorre toda a área interna da gruta. Para chegar à gruta, é preciso fazer um trajeto a pé de 1,5 km, cruzando alguns cânions pelo caminho.
A gruta do Janelão está entre as maiores cavernas por apresentar o maior estalactite já registrado por espeleologistas. A formação tem 28 metros e fica logo depois da segunda claraboia do túnel.