Em 14 de junho de 1985, países europeus assinaram um acordo histórico: o Tratado de Schengen, que gradualmente extinguiu as restrições alfandegárias para os cidadãos da Europa (turistas de outros continentes continuam precisam de passaporte e, em alguns casos, de visto de entrada).
Os primeiros signatários do Tratado de Schengen foram França, Alemanha, Bélgica, Holanda e Luxemburgo. Entre 1990 e 2008, outros 21 países aderiram. Outras três nações ainda estão implantando o “fim das fronteiras”. Por serem encraves no território de outros países, Mônaco, San Marino e o Vaticano participam de fato destas fronteiras de paz (um pouco abaladas com o intenso fluxo de refugiados da África e Oriente Médio).
O fotógrafo Valerio Vincenzo
O consagrado fotógrafo Valerio Vincenzo decidiu registrar esta verdadeira revolução sociopolítica e, desde 2007, vem desenvolvendo o projeto “Borderline, Frontiers of Peace” (que pode ser traduzido como: “Limite, As Fronteiras da Paz”). Vincenzo é radicado na Holanda, mas passa boa parte do seu tempo na França.
O objetivo do projeto “Fronteiras da Paz” (registrado em livros e exposições), declarado pelo próprio autor, é mostrar uma mudança histórica que vem se desenvolvendo na Europa nas últimas três décadas. Vincenzo mostra as fronteiras europeias sendo lentamente apagadas e chega a afirmar que o Tratado de Schengen foi o primeiro passo para o surgimento de uma consciência europeia.
A União Europeia (UE), que ratificou o tratado, incluindo-o em seu regimento, ganhou o Prêmio Nobel da Paz em 2012. O motivo alegado pelo comitê diretor do prêmio foi que “a UE e as instituições que a precederam contribuíram por mais de seis décadas para a paz e a reconciliação, a democracia e os direitos humanos”.
O fotógrafo armou-se com um GPS e mapas muito detalhados do continente europeu para obter detalhes destas fronteiras atualmente pacíficas, mas que já foram palco das duas guerras mundiais e de muitos outros conflitos bélicos.
Um detalhe curioso: com o tratado, 16,5 mil quilômetros de fronteiras deixaram de ser um obstáculo ou contratempo para os europeus. Contudo, estas passagens, encontradas em países de diversas culturas, têm pontos em comum: não há guichês aduaneiros, portões nem vigilantes. Um viajante menos avisado pode nem perceber que saiu do seu país.
Esperamos que os bons ventos das fronteiras de paz clicadas por Valerio Vincenzo soprem por mais regiões do mundo. Nós precisamos de mais paz – e de guerra nenhuma.