A síndrome de Tourette obriga seus portadores, sem nenhuma possibilidade de controle, a disparar os mais sonoros palavrões em bibliotecas, festas e até cerimônias religiosas. É a coprolalia, palavra formada pelos vocábulos gregos “fezes” e “tagarelas”. Tiques, reações rápidas e espasmos faciais acompanham esta desordem neurológica, que acomete mais os homens, a partir do final da infância. As crises quase sempre obrigam o paciente ao isolamento. O transtorno obsessivo-compulsivo está presente em 50% dos casos.
Mas este não é o único mal com sintomas originais. No mundo, existem doenças tão ou mais estranhas como esta. Confira a lista.
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Delírio de Capgras
É um raríssimo desequilíbrio em que o doente adquire a convicção de um parente ou amigo muito próximo, geralmente o cônjuge, foi substituído por um clone. O delírio está incluído na categoria de crenças ilusórias envolvendo a confusão com pessoas, lugares, objetos ou situações. Neste caso, as crises são desencadeadas apenas em determinadas ocorrências, que podem ser banais: não reconhecer o filho, ao observá-lo no berço.
O delírio de Capgras está relacionado à esquizofrenia, mas ocorre em outras situações, como dano cerebral e demência. O primeiro caso foi relatado por Joseph Capgras, que usou o termo “ilusão de sósias” para descrevê-lo: uma jovem francesa insistia que sósias tomaram o lugar de vários familiares e conhecidos.
Delírio de Cotard
Também conhecido como delírio niilista, delírio de negação e síndrome do cadáver ambulante, e uma patologia extremamente incomum e estranha: os portadores adquirem a certeza de que estão mortos: não reagem a estímulos exteriores, nem aos apelos de pessoas próximas. Noutros casos, a pessoa pode adquirir a percepção de estar em decomposição, com os órgãos internos sendo destruídos.
A doença é tão rara que nem está classificada no catálogo internacional de doenças da OMS (Organização Mundial da Saúde). Mesmo assim, há vários casos relatados. Nos mais leves, os pacientes desenvolvem extrema aflição e desespero com o fim da vida; nos mais graves, negam-se a movimentar-se e chegam a dizer que o mundo não existe, sempre de acordo com as crenças (ou falta delas) que mantinham “em vida”.
Maldição de Ondina
A doença é causada por uma ou várias mutações genéticas. Quando os portadores dormem, os receptores químicos que recebem informação de baixa de oxigênio ou aumento de dióxido de carbono no sangue não conseguem transmitir estas informações, para que o cérebro ordene a respiração mais acelerada. Assim, a pessoa simplesmente deixa de respirar.
Em 2002, havia apenas 200 casos diagnosticados, mas é possível que o número seja bem maior, com as mortes atribuídas à morte súbita no berço. Estima-se que atinja um em cada 200 mil bebês e não tem cura, mas em geral a doença é leve ou moderada, o que permite que a criança se desenvolva e tenha vida normal. Ondina é o nome da ninfa das águas na mitologia germânica, que passava longos períodos mergulhada nos rios e lagos, sem respirar.
Progéria
Também conhecida como síndrome de Huntchinson-Gilford, a progéria é uma desordem genética que afeta crianças e provoca o envelhecimento precoce. O primeiro caso foi narrado por Huntchinson em 1886: um menino de oito anos tinha ausência total de cabelos. O segundo caso, muito semelhante, foi narrado por Gilford em 1904. Desde então, foram relatados cerca de cem casos.
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O envelhecimento tem início por volta dos 18 meses de vida e é sete vezes mais rápido que o processo natural. Crianças portadoras de progéria atingem em média 13 anos. A principal causa da morte é o infarto do miocárdio. A progéria afeta órgãos e tecidos, como pele, coração, ossos e também o sistemas cardiovascular.
Quimerismo
A quimera é um monstro mitológico que apresenta características de dois animais: corpo de leão, cabeça de dragão. O quimerismo ocorre quando dois óvulos fecundados ao mesmo tempo, que normalmente formam os gêmeos fraternos (com características genéticas diferentes; podem ser inclusive um menino e uma menina), se unem antes do quarto dia de gestação. Quando este fenômeno ocorre depois deste período, ocorre o nascimento de gêmeos xipófagos (ligados por um órgão ou membro).
No entanto, quando ocorre o quimerismo, o que é raríssimo, as características de ambos predominam, o que determina uma série de mutações, caso os embriões não sejam do mesmo sexo: é o chamado hermafroditismo. Casos de quimerismo só começaram a ser mais bem estudados a partir do sequenciamento do DNA, que permitiu identificar genes de dois indivíduos no hermafrodita, que nasce com órgãos sexuais masculinos e femininos. Geralmente, um deles é atrofiado, e a identidade de gênero é muito bem estabelecida.
Síndrome da mão alienígena
É uma desordem neurológica que surge sob uma forma incomum de apraxia, na qual mãos e pés parecem ter autonomia em relação ao corpo. Quando acomete as mãos, por exemplo, pode determinar a abertura e retirada de camisas e blusas; os pés podem decidir ir para lados diferentes, sem que o portador tenha domínio sobre as ações.
Na maioria dos casos, a situação pode ser ainda mais constrangedora. O paciente pode ignorar totalmente a ação que está sendo realizada. A doença pode ser provocada por cirurgias para tratamento de epilepsia que separam os hemisférios cerebrais, procedimento de risco que envolve a avaliação dos benefícios e prejuízos que pode acarretar.
O caso mais grave envolveu uma mulher americana de 55 anos, que foi atacada e esbofeteada pelas próprias mãos. Os incidentes se iniciaram de forma mais leve: a mulher acendia um cigarro e a mão esquerda o apagava. Despir as roupas veio em seguida. Por fim, a mulher começou a se agredir fisicamente.
Síndrome de Riley-Day
Muitas pessoas gostariam de não sentir dor, mas ela é um importante alarme do organismo: quando ela aparece, significa que algo não vai bem. Os portadores da síndrome de Riley-Day, desordem que afeta o funcionamento dos neurônios sensoriais, simpáticos e parassimpáticos.
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Isto provoca, além da insensibilidade à dor, incapacidade de produzir lágrimas, desenvolvimento abaixo do mediano e oscilações constantes na hipertensão arterial. É uma doença hereditária, que também causa apneia, dificuldade para ingerir alimentos, redução do paladar e convulsões. Os portadores têm os riscos de queimaduras e cortes exponencialmente aumentados: os muitos ferimentos determinam que os pacientes atinjam, no máximo, 30 anos de idade.
Transtorno de Pica
Também conhecido como alotriofagia, não é uma doença rara. Acomete muitas mulheres grávidas, especialmente as desnutridas, provocando desejos de comer coisas incomuns, que podem variar de tomar um sorvete com mostarda até ingerir pedaços de telhas e tijolos. Mas o transtorno pode atingir outros segmentos da população.
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Para diagnosticá-lo, é preciso que o desejo incontrolado permaneça por ao menos um mês, mas muitas pessoas passam boa parte da vida ingerindo substâncias e objetos prejudiciais à saúde.
O nome vem do latim “pica”, que significa pega, uma ave europeia capaz de comer quase tudo. As causas estão relacionadas à insuficiência de vitaminas e sais minerais. Em geral, a pica acomete pessoas com deficiências determinadas: a falta de amido pode determinar a ingestão de farinhas e açúcar in natura, por exemplo.
Muitos casos de pica despertam desejo de comer objetos específicos, como os pontiagudos, moedas, terra, excrementos, muco, sangue, batata crua, etc. Geralmente, os pacientes precisam, além da suplementação vitamínica, apoio psicológico para superar este mal.
Urticária aquagênica
É um tipo extremamente raro de doença de pele: a alergia à água, mas não está relacionada à liberação de histamina, como em outros tipos de urticária. Trata-se de uma hipersensibilidade a certos íons encontrados em água não destilada. Nas pessoas afetadas, após 15 minutos da exposição à água (uma chuva ou banho, por exemplo), surgem reações que podem ser violentas, com duração de até duas horas.
A doença afeta principalmente mulheres e chega a provocar dores intensas. A causa mais provável são tratamentos com altas doses de antibióticos, que provocam alterações nos níveis de histamina no corpo humano. Os casos relatados são raríssimos, mas há uma notícia boa: anti-histamínicos e exposição a raios ultravioleta B dão bons resultados no controle.