Há algumas décadas, os animais de estimação “tradicionais” precisam conviver com a competição de alguns pets bastante exóticos: os hamsters, preás e ratos-brancos já haviam tomado uma fatia da preferência dos criadores, mas outros roedores também se tornaram populares, como chinchilas e gerbils, também chamados de esquilos-da-mongólia.
Todos eles são simpáticos, “arrumam” a casa (organizam locais para estocar comida, para dormir, para fazer suas necessidades), passam um bom tempo explorando o ambiente e podem ser uma forma de aliviar o estresse, para quem passa um bom tempo observando suas atividades.
Os terrários
Em terrários, é possível criar diversas espécies, e há quem opte por tarântulas e escorpiões. A tarântula-de-fogo tem os pelos avermelhados e é uma das preferidas dos criadores. O mais popular entre os escorpiões é o Pandinus imperator, um animal negro que pode atingir 30cm de comprimento.
Ao contrário do que se pensa, estes animais não são agressivos, mas é preciso saber manuseá-los, para não levar uma picada bastante dolorosa (que não é letal). Seja como for, são animais para serem observados: não há possibilidade de interação com eles.
As rãs, especialmente as peçonhentas, impressionam pelas cores: o Dendrobates azureus é azul, a Mantella aurantiaca é laranja, e existem as que parecem pintadas à mão, como a rã-arlequim, que é preta e amarela. Não podem ser misturadas espécies no terrário, porque elas estabelecem territórios de caça.
É preciso colocar uma fonte de água, estabilizador de temperatura e uma bromélia: elas põem ovos no “copinho” da flor. A maior parte das rãs de estimação vêm da América Central. A Costa Rica, por exemplo, credita boa parte de seu PIB à comercialização de rãs silvestres.
Em aquaterrários, podem ser criados axolotls, tritões e salamandras. Mas um terrário simples, com apenas um substrato simples, podem ser criadas lagartixas. Esqueça aquelas monótonas cinzentas que escalam as paredes das casas: as lagartixas pet exibem belas cores, como a Phelsuma quadriocelata, um animal verde que parece ter quatro olhos. A Phelsuma laticauda também é verde, mas exibe manchas vermelhas por todo o corpo.
Para quem tem mais espaço
Apesar da aparência pré-histórica, os iguanas têm conquistado muitos donos. São animais tranquilos, que só agridem quando se sentem ameaçados; nestas situações, podem açoitar com a cauda e até morder. O terrário destes bichos precisa ser bem maior, já que ele alcança 1,80m de comprimento no Brasil (na natureza, atinge 2,5m).
É preciso estar atento à higiene, porque o substrato pode ser contaminado com bactérias e há o risco de o animal contrair (e transmitir) salmonelose, doença que provoca vômitos e diarreia. Um iguana bem tratado pode atingir 15 anos de vida.
Cobras de estimação
Pode parecer muito exótico, mas muita gente cria cobras em casa. As preferidas são as do gênero Boa: jiboias e pítons. Não são animais peçonhentos, mas há uma regra para manuseá-las: a cada metro e meio de animal, é preciso uma pessoa para segurar.
Estes animais matam suas presas por constrição: enrolam-se nelas e vão apertando, quebrando os ossos e formando uma espécie de chouriço, que vão ingerindo lentamente. É mito que pessoas possam ser engolidas por estas cobras, mas o instinto pode fazê-las enrodilhar-se no pescoço do dono incauto e provocar acidentes.
Entre as cobras mais comuns nos terrários estão a cobra-do-milho e a cobra-do-leite americanas (na natureza, elas vivem nos cinturões agropecuários, no entorno das grandes cidades), a jiboia-esmeralda (Américas Central e do Sul), um belo animal verde com losangos brancos e laterais amarelas e a píton-reticulada (Ásia meridional), o maior ofídio do planeta: pode atingir 11 metros de comprimento (apesar de dificilmente chegar à metade disso em cativeiro).
Alguns pets mais amigáveis
O ferret – semelhante a um furão, desenvolvido na fazenda Marshall Ferret, nos EUA – é dócil, gosta de brincar e pode ser retirado do viveiro, garantindo alguma interação com a família. Mas ele se estressa facilmente e pode desenvolver doenças; por isto, deve permanecer isolado durante a maior parte do tempo. Ao contrário dos seus primos, o ferret não tem o instinto de escavar.
Os porcos estão começando a ocupar espaço nas cidades, especialmente os muito pequenos. Trata-se da mesma espécie criada para abate, mas foram selecionados gradualmente os menores espécimes, até atingir o tamanho de um cão de porte médio. Estes animais gostam de colo e podem passear com seus donos.
A legislação
No Brasil, é proibido capturar e manter animais silvestres nativas em cativeiro. Mesmo os papagaios, coleirinhas e curiós, tão comuns nas casas brasileiras, estão protegidos por lei e podem ser confiscados, caso a fiscalização encontre espécimes em gaiolas e viveiros.
A solução é optar pela importação. Os animais exóticos, que não existem na fauna nacional, podem ser comercializados, desde que as guias de importação estejam em ordem. Outra opção é procurar um criador autorizado pelo IBAMA. Jiboias e papagaios brasileiros estão sendo criados em cativeiro, para se tornarem animais de estimação.