O nome de batismo não tem nenhuma relação com o amor: Amásia é apenas a contração de América e Ásia, as duas massas de terra que deverão se unir , formando o próximo supercontinente, que terá uma área de mais de 87 milhões de quilômetros quadrados. O modelo foi proposta em 1992, pelo geólogo Chris Hartnady e o escritor Paul Hoffman.
Um supercontinente precisa de 500 milhões a 700 milhões de anos para se formar. O planeta já teve diversas destas imensas massas de terra, como Rodina (há 700 milhões de anos),Pangeia (540 milhões), Gondwana (200 milhões), Vaalbara (há 3,6 milhões de anos), Kenorland (2,7 milhões) e Colúmbia (1,5 milhões).
Com a unificação dos continentes, que estão sempre migrando sobre o manto do planeta (a camada logo abaixo da crosta terrestre), as condições de vida tornam-se muito difíceis, já que os seres conseguem se desenvolver apenas nas regiões costeiras e nas margens dos poucos rios que correriam pelo supercontinente.
O modelo da unificação dos continentes foi obtido a partir de previsões, com o suporte da informática, em um modelo que leva em consideração a história geológica da Terra. Os modelos tradicionais já haviam identificado dois movimentos diferentes que dão origem a supercontinentes: na “introversão”, todas as massas de terra são unificadas; na “extroversão”, o fenômeno dá origem a dois continentes em lados opostos.
Comprovações científicas
Diversos cientistas apoiam a teoria da formação de Amásia. Um deles é Ross Mitchell, prestigiado geólogo da Universidade de Yale (New Haven, EUA). Este pesquisador, no entanto, aposta em um prazo menor: o supercontinente estará formado, de acordo com as suas projeções, entre 50 e 200 milhões de anos. Provavelmente, as espécies que conhecemos atualmente já terão sido extintas.
Amásia deve ser formada inicialmente com uma colisão entre as Américas do Sul e do Norte, que em seguida migrarão em direção ao Círculo Polar Norte, encontrando-se com a Europa e a Ásia. Os atuais continentes serão parcelas de uma massa de terra única e contínua, com clima temperado e glacial.
Para Mitchell, que acredita ter encontrado um mecanismo para a formação de continentes semelhantes a Amásia, a Austrália também seguirá para o norte, unificando-se ao território atual da Índia. As ilhas do Caribe, da Oceania simplesmente desaparecerão. Alguns especialistas afirmam que Amásia se formará na antiga localização da Pangeia, com o centro no oeste da África, mas a equipe de Yale projeta a localização para o mar Glacial Ártico (que seria tragado pelas novas terras).
A teoria é alicerçada na análise do alinhamento de elementos magnéticos. Com isto, foi possível estabelecer a posição dos polos magnéticos durante a vida do planeta. Isto permitiu calcular a área e a localização exata de antigos supercontinentes.
A diferença entre os possíveis locais do supercontinente é de 90°, o que equivale à metade do Meridiano de Greenwich, uma divisão teórica que corta a Terra em 180° e é considerado o marco zero.
Os motivos do surgimento de Amásia
Seja como for, as constatações sobre o surgimento de Amásia foram obtidas com a análise de rochas antigas (paleomagnetismo), para determinar a sua posição no globo em diversas eras. Os geólogos também mensuraram como o manto terrestre move os continentes, que “navegam” na superfície.
De acordo com a teoria das placas tectônicas, as camadas mais externas do planeta (crosta e manto superior) formam a litosfera. A astenosfera (manto inferior) é constituída por uma massa viscosa, sobre a qual as placas derivam.
Em alguns momentos, duas placas colidem, provocando terremotos, maremotos e erupções vulcânicas. Em todos estes fenômenos, existe grande movimentação de massa e energia, elevando o nível dos mares e as temperaturas médias. Algumas regiões do planeta são formadas exclusivamente por lava vulcânica. Isto ocorre somente nos pontos de conexão das placas tectônicas.
Taylor Kilian, um dos autores do estudo de Yale (publicado na prestigiada revista científica “Nature”), informa que a maneira como os continentes se movem provoca alterações biológicas que podem prejudicar os padrões de dispersão das espécies. O resultado disto seria um terrível desequilíbrio ambiental, já que bactérias, fungos, vegetais e animais contribuem na redução das agressões à natureza.
O geólogo Peter Cawood, da Universidade de Saint Andrews (em Fife, na Escócia) publicou um estudo (também na “Nature”) em que conclui: “entender a disposição das massas dos continentes é fundamental para entendermos a história da formação da Terra”.
Controvérsias sobre Amásia
Alguns pesquisadores, no entanto, não estão interessados em debater o próximo supercontinente. David Rothery (geólogo da Open University, a primeira universidade aberta do mundo, fundada em 1969 e sediada no sul da Inglaterra), em entrevista à BBC, não estar preocupado com a possibilidade de colisões dos continentes.
Para Rothery, é muito mais importante, para o avanço da ciência, compreender onde as massas de terra estavam situadas nos diferentes períodos geológicos. É possível entender melhor o ambiente da Terra a partir de levantamentos para saber quem eram os habitantes, os recursos minerais, as fontes de energia, os lençóis de água potável, etc. Todos estes dados trazem aplicações práticas, como a prospecção de novos recursos para a humanidade e para todos os seres vivos.