As alucinações são percepções sensoriais sem que os órgãos dos sentidos tenham sido acionados. Noutras palavras, é ouvir, ver ou sentir algo sem que os ouvidos, olhos e pele tenham sido estimulados. Mas como explicar as alucinações coletivas, em que diversas pessoas, em alguns casos centenas, percebem as mesmas coisas, quase sempre aterrorizantes?
De acordo com psiquiatras e neurologistas, alucinações patológicas são causadas por lesões e infecções cerebrais e pelos distúrbios psicóticos da esquizofrenia, epilepsia e alguns tipos de neuroses. No entanto, alucinações passageiras podem afetar pessoas saudáveis e são muito mais frequentes do que imaginamos: estudam indicam que 25% dos indivíduos saudáveis já viveram alguma experiência deste tipo. Um terço destes afirmaram que os eventos foram tão reais que, no momento, imaginaram que eram situações reais.
A consciência humana recebe estímulos dos sentidos continuamente, relaciona-os com dados registrados na memória e constrói um modelo lógico de mundo. As alucinações acontecem quando há um choque nesta relação e a mente cria imagens e sons, tentando estabilizar o atrito entre o exterior e o interior.
Alucinações coletivas podem ser explicadas por alguns fatores: jejum excessivo, insônia prolongada, desidratação, fadiga, febre, privação de oxigênio e hiperventilação, hipnose e ingestão de drogas psicodélicas, como o LSD. Um místico, por exemplo, retiraria de seu inconsciente as imagens que credita a anjos, santos ou espíritos, num processo de auto-hipnose. Alguns destes fatores podem explicar alguns casos, como veremos adiante.
As religiosas de Loudun
Loudun é uma cidade francesa, sede de um convento. No século XVII, praticamente todas as religiosas passaram a apresentar comportamentos excêntricos: gritavam, riam, falavam frases desconexas. Posteriormente, passaram a ter visões e todas elas descreviam as mesmas cenas.
A comunidade imediatamente imaginou tratar-se de possessão demoníaca. O padre local, confessor das freiras, foi acusado de ter feito um pacto com o Diabo (um “contrato” assinado pelo sacerdote, escrito em latim e só lido quando colocado em frente ao espelho chegou a ser usado como prova no processo). Posteriormente, as acusações foram retiradas, pois a maioria das testemunhas voltou atrás. As alucinações cessaram gradualmente, até que o convento voltou à sua rotina.
Uma alucinação positiva
No século XVII, Luís XIV, rei da França, promoveu uma campanha contra os calvinistas, que estavam revoltados desde 1598, por causa do Edito de Nantes, que permitia o culto protestante onde ele já estivesse instalado, dependendo de autorização do prefeito. Na capital, Paris, o calvinismo continuou proibido.
Profundamente religioso, o rei queria defender o Catolicismo nas ideias reformistas. Muitos calvinistas começaram a ter visões, êxtases místicos e outros fenômenos paranormais. Os eventos ocorriam nos mais diversos locais.
Todas as informações trazidas pelas vozes misteriosas e observações em visões e estados de êxtase exortavam os calvinistas a resistir e persistir na fé. Assim, apesar da tremenda perseguição, eles se mantiveram unidos e posteriormente conquistaram o direito de professar sua crença.
O padre energizado
Há pouco tempo, um jornal brasileiro divulgou nota a respeito de um padre católico, ligado à Renovação Carismática. Os fiéis que o tocavam, eram ungidos com azeite ou eram aspergidos por ele com água benta tinham vertigens e desmaios.
Fiéis relatam que sentem profunda paz, relaxam e não resistem: deixam o corpo cair. Eles afirmam que não perdem a consciência, mas a energia positiva que recebem obriga o relaxamento. A Igreja não confirma, mas alguns sacerdotes dizem que não se trata de desmaio, mas descanso do espírito, no momento em que as bênçãos divinas se derramam para obtenção de curas e libertação espiritual.
Marinheiros viajando…
Em 1897, Edmund Parish relatou o caso de vários marinheiros, que partilharam a visão do cozinheiro navio, morto dias antes. Eles afirmavam que viram o fantasma caminhar tranquilamente sobre o mar (o cozinheiro tinha um problema na perna e andava coxeando: o espírito fazia o mesmo movimento).
Mais tarde, surgiu a realidade: o fantasma era um pedaço de madeira, flutuando no vaivém das águas. Estes marinheiros saudosos viram o que queriam ver.