O diabetes mellitus (o termo é latim e significa “doce como mel”) é uma doença caracterizada pela insuficiência da produção ou da ação de insulina, hormônio que reduz a taxa de açúcar no sangue, ao promover a introdução da glicose nas células.
A doença está envolvida em muitos mitos – um deles é que o problema do diabético é apenas o açúcar. Isto é fruto de tempos antigos, quando uma das principais formas de diagnóstico era verificar se a urina do paciente atraía a presença de formigas.
A doença pode estar relacionada a fatores genéticos, mas, seja como for, o diabético deve reduzir o consumo de carboidratos – na forma de um doce ou de uma suculenta lasanha. Em geral, nos estágios iniciais, o diabetes não apresenta sintomas; no entanto, as visitas costumeiras de formigas ao banheiro podem “revelar” o problema.
Quando as formigas passeiam pelo vaso sanitário com regularidade, é necessário consultar o médico, especialmente se alguém da família apresenta sede e micção excessivas, cansaço, perda de peso sem causa aparente ou visão embaçada. De qualquer maneira, exames regulares para verificar os índices glicêmicos devem estar na agenda de qualquer pessoa que se preocupe com a saúde.
As formigas
Estes insetos sociais não gostam de urina, nem de outros dejetos que fazem a delícia de moscas e besouros, por exemplo. As formigas também não gostam de açúcar, apesar de agirem como se fossem um exército quando identificam um açucareiro desprotegido.
Na verdade, os “atacantes” nem sequer são soldados (os animais que fazem a defesa do formigueiro): são formigas operárias, em busca de alimento. E, por mais que elas destruam roseiras (e praticamente todo tipo de plantas), elas também não comem folhas: o que fazem é levar os pedaços para “casa”, mascá-los e colocá-los para fermentar. A dieta alimentar da maioria das espécies de formigas constitui-se apenas dos fungos nascidos neste processo.
O açúcar, é preciso lembrar, é um dos agentes da fermentação. Por isto, as formigas consideram o pozinho branco como um bem precioso. Ao encontrar a “fonte”, a informação é repassada rapidamente e um grupo de operárias é destacado para recolher o “ouro branco”.
De volta ao diabetes
Não apenas as formigas foram utilizadas no diagnóstico do diabetes. Até o advento e popularização dos exames de laboratório, alguns médicos chegavam a experimentar a urina dos pacientes para identificar traços de glicose.
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A prática de “tomar xixi” era comum no século XIX, quando os médicos, com poucos recursos tecnológicos, tentavam identificar não apenas traços de açúcar, mas também de outros sabores e aromas que pudessem ser indicativos de enfermidades.
A prática, que pode parecer nojenta, tem explicação: todos nós precisamos ingerir alimentos ricos em açúcares, que, desdobrados em moléculas de glicose e combinadas com oxigênio, constituem o oxigênio das nossas células (todas elas).
O problema começa a ocorrer quando o organismo não consegue metabolizar os alimentos (todos os doces, processados com farinha ou que contêm açúcar como ingrediente). Esta deficiência gera o aumento permanente da glicose em circulação no sangue (hiperglicemia), que, no médio prazo, pode causar problemas oculares, renais, vasculares, cardíacos e disfunções sexuais.
O diabetes interfere na regeneração das células, contribuindo para a ocorrência de infecções persistentes (especialmente na boca, sistema urinário e nas incisões cirúrgicas e provocadas por acidentes e traumas). No caso de complicações agudas, podem ocorrer: desidratação, confusão mental, coma e até mesmo óbito do paciente.
Existem dois tipos de diabetes mellitus:
- tipo 1: é uma doença crônica que afeta as funções do pâncreas, glândula situada atrás do estômago que participa dos sistemas digestório (o suco pancreático contém diversas enzimas digestórias) e endócrino (entre outros hormônios importantes, o pâncreas produz a insulina). O órgão passa a produzir menos insulina (em alguns casos, nenhuma insulina é secretada);
- tipo 2: neste caso, ocorre uma combinação entre a produção deficiente de insulina e a resistência do corpo à ação da mesma (é uma doença autoimune, quando células de defesa passam a atacar outros tecidos e órgãos).
Por que o açúcar vai para a urina?
Uma das principais funções dos rins é filtrar o sangue, para excluir resíduos e subprodutos da digestão com a produção de urina. O sangue dos diabéticos apresenta alto teor de glicose e, ao chegar aos rins, as moléculas de glicose penetram facilmente nos glomérulos.
Glomérulos são as unidades funcionais dos rins: é através deles que se produz a filtração do sangue, para excreção dos resíduos, além de drogas lícitas e ilícitas, íons e água (uma das funções do sistema renal é manter o equilíbrio dos líquidos extracelulares).
Parte do açúcar também é absorvida (uma vez que as moléculas de glicose são bastante simples), mas, em condições normais, este quantum de energia é devolvido à circulação sanguínea, já que, para o organismo, não é interessante perder açúcar. Trata-se de um mecanismo bastante eficiente.
Estas estruturas renais, no entanto, atuam com um limite operacional: quando há um excesso de açúcar, ele também é eliminado na urina. Por isto, ela se torna doce. Este limite é de 180 mg de glicose por decilitro de sangue.
Desta forma, um índice maior que 180 mg/ dl indica a ocorrência de hiperglicemia – fator determinante da presença de formigas no vaso sanitário. No caso dos diabéticos, no entanto, um índice menor não significa cura, apenas controle da doença.
O excesso de açúcar no sangue (e na urina) não é uma condição exclusiva dos pacientes com diabetes descontrolado (que estão cometendo excessos alimentares ou descuidando-se da medicação). O uso de alguns medicamentos e as alterações hormonais durante a gravidez também podem provocar hiperglicemia (no segundo caso, pode ocorrer diabetes gestacional).