Descubra como e onde usar este recurso gratuito, economizar nas contas mensais e ainda ajudar no equilíbrio do meio ambiente. O processo é simples: é preciso construir um sistema de captação, com a utilização de calhas de coletam a água do telhado e a armazenam em uma cisterna ou um tanque subterrâneo.
No reservatório, é necessário instalar um filtro para a retirada de impurezas e uma bomba para conduzir a água da chuva para um reservatório elevado, separado da água potável. Muitas empresas especializadas em construção sustentável oferecem este serviço.
A manutenção
Os principais modelos de filtros são construídos com areia filtrante, sílica ou quartzo, que removem sedimentos sólidos em suspensão; carvão ativado, para a retirada do cloro, de sabor e aromas estranhos à água; o antracito, um tipo de carvão mineral, remove sedimentos e partículas, além de sais de ferro e manganês; argilas naturais e ativadas também removem estes sais, amônia, carga orgânica, turbidez, odores e gostos estranhos; contra bactérias e vírus, é necessário utilizar um processo de cloração, ozonização ou radiação ultravioleta.
Independente do uso da água de chuva, é preciso proceder sempre a uma desinfecção, para manter um residual de cloro (0,5 mg de cloro por litro de água) e para habilitar o líquido ao contato humano e animal. A desinfecção deve ser realizada logo depois da pré-filtração, no próprio tanque ou cisterna. Nos casos de uso na irrigação, este procedimento é desnecessário.
Os investimentos
Os preços variam de acordo com a região em que a casa está situada. A economia, no entanto, compensa o investimento. Uma cisterna pode recolher até 500 litros de água de chuva. No Sul, Sudeste e parte do Centro-Oeste, o período de estiagem é verificado entre junho e outubro. No Nordeste e em Tocantins, entre novembro e maio. A região Norte tem uma boa distribuição de chuvas durante todo o ano.
Para quem tem habilidades manuais, porém, o Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) da USP elaborou uma cartilha com o passo a passo do sistema de captação, tratamento e armazenamento, preparada pelo engenheiro sanitário Luciano Zanella. O investimento é de R$ 4.000 para empresas com até 50 funcionários e de R$ 2.000 para residências de três dormitórios. O manual está disponível no site do IPT: www.ipt.br, na aba “Top Five”, que traz os cinco links mais acessados pelos internautas.
A contratação de uma empresa especializada envolve outros custos, como o estudo de viabilidade técnica, a mão-de-obra empregada, atividades de transporte, etc.
O uso
Embora não seja apta para o consumo (nem para humanos, nem para animais), a água da chuva pode ter empregada para diversas atividades. As exceções ficam por conta da ingestão, banho e cozimento de alimentos.
É possível regar as plantas, limpar pisos frios, calçadas e playgrounds, lavar carros, além de utilizar a água da chuva na descarga dos sanitários e na lavagem de roupas. Para os dois últimos empregos, é preciso alterar o sistema hidráulico, instalando tubulações paralelas às de água potável.
Em casas já construídas, o uso fica reservado para as áreas externas, uma vez que os custos para esta alteração são muito altos. Nos edifícios residenciais, a instalação de um sistema paralelo de água para cada apartamento se torna inviável.
Alternativas
Você pode construir um sistema para aproveitamento da água da chuva de modo mais simples. Uma solução é adquirir um ou mais barris (muitas empresas vendem barris usados, mas é preciso evitar os que armazenaram substâncias tóxicas), lavá-los cuidadosamente com água e sabão e instalá-los no quintal. Uma grande lata de lixo pode armazenar entre 30 e 60 litros de água.
Os barris ou latas podem ser interligados com tubos de conduíte, para que se obtenha um sistema integrado de coleta. A água obtida com esta providência simples deve ser usada apenas nas áreas externas da residência.
Quem é adepto do “faça você mesmo” vai precisar de uma torneira simples de uma polegada, para acoplá-la ao barril, parafusos, roscas, buchas, porcas, arruelas, quatro a seis blocos de concreto, fita de encanamento (tipo teflon), cola de silicone para vedação, um cotovelo de calha em forma de “S”, para encaminhar a água da calha diretamente para o reservatório e tela de alumínio para evitar que folhas, insetos e outros materiais de acumulem na água da chuva.
A área da calha (o tubo de metal ou plástico que circunda o telhado para evitar que a água da chuva se acumule, comprometendo a estrutura do imóvel) deve ser nivelada. Caso o terreno não seja plano, é preciso achatar um trecho com capacidade para acondicionar os barris e evitar possíveis tombamentos dos reservatórios.
Se o terreno for gramado, utilize um pouco de cascalho para formar a plataforma. Basta cavar um retângulo de 15 centímetros de profundidade na área já nivelada e preenchê-lo com os pedregulhos. Sobre eles, coloque os blocos de concreto.
Faça furos nos barris para interligá-los e instalar a torneira. A altura ideal é a que permita deixar um balde abaixo da torneira. É preciso vedar completamente as furações (tanto interna, quanto externamente), para evitar vazamentos e desperdícios.
É preciso fazer um sangradouro, um orifício de tamanho igual ou inferior ao aberto para a torneira, próximo ao topo dos barris, para permitir o escoamento da água em excesso (em um período de fortes temporais, por exemplo). Caso sejam instalados vários barris, deixe um reservado para captar o excesso de água da chuva.
O cotovelo em “S” deve conectar a calha e o barril. Faça as marcações na tampa; a extremidade do cotovelo deve ficar a dois centímetros da entrada de água. Prenda-o firmemente (sem folgas) com braçadeiras e parafusos. Utilize a tela de metal para serve para vedar esta passagem.
Mantendo o sistema em dia
Um sistema de aproveitamento de água da chuva exige alguns cuidados. As calhas do imóvel devem ser limpas regularmente para remover detritos, impedindo obstruções no fluxo da água.
Para a rega de canteiros, a água coletada pode ser usada diretamente. Para a limpeza de pisos, calçadas e lavagem de veículos, é preciso utilizar um filtro comum para a filtragem, já que o contato entre a pele e o objeto a ser limpo nestes casos é mais frequente. O filtro reduz metais pesados, produtos químicos e outros materiais contaminantes.
Quem mora em cidades com alta poluição do ar precisa descartar os primeiros litros de água captados pelo sistema. Eles são responsáveis pela limpeza da atmosfera, mas carregam muito material particulado, o que pode prejudicar as plantas e causar oxidação em diversas superfícies.