A pessoa tenta alcançar uma vasilha na parte superior do armário e provoca uma avalanche de utensílios de cozinha. Encosta o braço no ferro de passar aquecido, escorrega no piso úmido, tenta abrir uma lata de conserva e depara-se com um objeto cortante, esbarra no cabo da panela com água fervente, inadvertidamente deixado para fora do fogão. Acidentes domésticos como estes acontecem centenas de vezes diariamente, mas podem ser evitados com algumas providências simples.
Algumas pessoas não conhecem as reações do próprio cachorro. Aproximam-se do animal apavorado – com fogos de artifício, por exemplo, no réveillon ou na final do campeonato de futebol –, levam uma tremenda mordida e põem a culpa no cão, sem entender que, para ele, trata-se de uma calamidade, e não de uma comemoração.
Afogamentos são relatados diariamente nos noticiários de TV. Recentemente, divulgou-se que uma criança de dois anos se afogou num balde, deixado cheio na cozinha.
A terceira idade
Os acidentes domésticos mais comuns ocorrem com idosos, que escorregam em tapetes mal fixados, caem no banheiro e até sofrem queimaduras ao cozinhar alimentos. A longevidade dos brasileiros está aumentando a cada ano e, por isto, as casas precisam ser adaptadas para garantir a mobilidade e evitar traumas e mesmo a morte.
Muitas pessoas acima dos 60 anos sofrem de osteoporose e qualquer queda pode provocar fraturas dolorosas, por vezes, exigindo cirurgias e imobilização por longos períodos. Quem sofre com demência e males de Parkinson e Alzheimer precisa de um acompanhante, para não se envolver em problemas que podem gerar sequelas dolorosas.
Crianças
Na cozinha, na área de serviço, na piscina, nunca se deve deixar crianças desacompanhadas. Pais e mães costumam dizer, depois dos acidentes: “Deixei meu filho sozinho por um minuto apenas”. Crianças estão em fazendo de aprendizado, conhecendo o mundo. Um minuto é mais do que suficiente para que elas decidam explorar um trampolim, um fogão ou uma escada.
Mesmo nas áreas sociais e íntimas da casa, alguns cuidados simples evitam acidentes. Quinas arredondadas impedem contusões sérias e a retirada ou elevação de objetos de decoração, especialmente os muito pequenos, que podem ser engolidos, evita muitas corridas ao pronto-socorro.
Construções e reformas
Em muitos bairros populares, famílias erguem lajes e não constroem muros de proteção, sempre com a esperança de ampliar o imóvel e garantir mais conforto para a família. Crianças sobem nestas lajes para brincar e, no seu universo lúdico, não percebem os riscos e acabam se precipitando em quedas.
Nada contra a esperança, mas ela precisa ser acompanhada pela prevenção: com poucos tijolos, é possível levantar uma barreira entre a laje e a calçada. O ditado popular diz: “é melhor prevenir do que remediar”.
Muitos acidentes ocorrem envolvendo a rede de transmissão de energia. São crianças que tentam recuperar pipas enroladas em fios e postes, mas a maioria dos acidentes ocorre com o transporte de material metálico para construções: uma haste de metal que se aproxima um metro da fiação pode provocar choques de alta voltagem, muitos deles fatais.
Providências a serem tomadas.
Tudo depende do tipo de acidente. Uma criança sufocada por uma bala precisa de atendimento urgente. Neste caso, deve-se segurá-la no colo, de cabeça para baixo, e dar umas palmadas na região superior do tórax. Quem não tem sangue frio suficiente, deve acionar o Corpo de Bombeiros, que pode transmitir instruções por telefone ou deslocar-se rapidamente para o local.
Sangramentos devem ser estancados com a compressão do local. Basta pressionar o local com uma toalha limpa, não importa em que área do corpo. Em tempo: o uso de torniquetes é totalmente desaconselhado. Em cortes pequenos e pouco profundos, a providência é suficiente para resolver o problema. No entanto, em casos mais graves, deve-se manter a compressão enquanto se espera o auxílio médico.
Mordidas de cães são motivo para chamar o serviço de ambulância rapidamente. Isto pode parecer óbvio para lesões sérias na pele, músculos e articulações, mas mesmo mordidas pequenas podem provocar infecções, em função das bactérias presentes na boca. O mesmo vale para arranhaduras de gatos. Animais não vacinados podem transmitir doenças graves, como a raiva.
Quedas devem ser avaliadas de acordo com a situação. Se o acidentado está consciente, pode relatar o que está sentindo, como fortes dores num braço ou perna. No entanto, acordado ou desmaiado, é preciso evitar ao máximo a movimentação, porque a queda pode ter gerado lesões na coluna e os movimentos podem gerar edemas graves.
Queimaduras que produzam bolhas, prurido e febre local também devem ser avaliadas por um médico. Borra de café, manteiga, esfregaço de cabelos, etc., podem ser boas atitudes a serem tomadas num curso de sobrevivência na selva, porque aliviam a dor e reduzem as chances de infecção. Em ambientes urbanos, no entanto, são uma urgência médica.
A única providência a ser tomada é a proteção do local da queimadura, para evitar mais problemas. Se a dor for muito intensa, pode-se irrigar a área afetada com água fria, enquanto se espera o socorro. A automedicação precisa ser evitada, porque os produtos químicos presentes na formulação podem complicar a recuperação.
Especialistas se recusam a utilizar o termo “acidente” para se referir a estes problemas, que podem gerar sérias consequências. Para eles, acidente é algo imprevisível, uma tragédia, e os traumas ocorridos em casa, via de regra, são provocados pela negligência. Pense nisto, nas suas atividades domésticas.