Os escorpiões são animais aracnídeos artrópodes, parentes dos crustáceos, insetos e quilópodes. Surgiram no oceano e evoluíram para a vida em terra firme. São quase duas mil espécies já registradas, que se adaptaram a regiões tão diferentes como desertos e a tundra, que recobre o norte do Canadá e a Sibéria (Rússia). No Brasil, existem 140 espécies catalogadas, que geram acidentes de norte a sul.
Os escorpiões apresentam cefalotórax, abdômen, quatro patas, duas pinças e um órgão inoculador de veneno, o télson, mais conhecido como ferrão. São carnívoros, noturnos e pouco dependentes, pouco dependentes da água e de controle populacional relativamente difícil: uma fêmea pode gerar até 100 filhotes em cada cruzamento.
No Brasil, apenas quatro espécies, todas do gênero Tityus, representam risco para os seres humanos, conhecidas genericamente por escorpião amarelo e escorpião marrom. As descrições seguintes são do Instituto Butantan, da USP, em São Paulo.
O Tityus serrulatus, ou escorpião amarelo, é encontrado nos estados da Bahia, Ceará, Espírito Santo, Goiás, Minas Gerais, Paraná, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, São Paulo, Sergipe, Rio Grande do Sul, além do Distrito Federal. Tem cerca de 5cm de comprimento, é amarelado com o corpo ligeiramente mais escuro, sem manchas nas patas e pinças e apresenta um serrilhado na cauda.
O Tityus bahiensis, ou escorpião marrom, distribui-se pela Bahia, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo. É marrom avermelhado, com manchas escuras nas patas e pinças e chega a até 7cm de comprimento.
O Tityus stigmurus mede 5 a 7cm, é amarelado, sem manchas nas pernas e pinças e apresenta um triângulo escuro na face anterior do corpo. A cauda também é serrilhada. É encontrado em Alagoas, Bahia, Ceará, Pernambuco, Paraíba, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe.
O Tityus cambridgei é um pouco maior, chegando a 10cm de comprimento. É marrom avermelhado, com manchas claras. Habita o Amapá, Pará, Rondônia e Tocantins.
Apesar da fama de vilões do imaginário popular, os escorpiões exercem sua função no meio ambiente: controlam a população de vários insetos e aracnídeos. São canibais, o que ajuda a reduzir sua própria população – a mãe escorpião, que carrega os filhotes no dorso por vários dias, ataca as próprias crias logo que elas descem para o solo, exterminando a maioria delas.
Os acidentes
Até poucas décadas atrás, as escolas fundamentais ensinavam que existem animais úteis, como a vaca e o porco, e nocivos, como baratas e escorpiões. Esta classificação não é verdadeira. Todas as espécies existentes têm seu papel ecológico e os problemas acontecem apenas quando a presença humana se expande: não são os escorpiões que estão invadindo nosso “território”: é o homem que, expandindo desordenadamente suas cidades, determina o convívio com espécies que podem se tornar agressivas.
O ambiente propício para os escorpiões são os quintais repletos de madeira e material de construção, que proporcionam o ambiente seco e quente ideal para estes animais, principalmente na proximidade de matas degradadas. Quando a cobertura vegetal é reduzida, os escorpiões naturalmente procuram outros locais para se refugiar de seus predadores. Menos frequentemente, eles se escondem dentro das casas, em armários, despensas e até dentro de calçadas.
A notificação nacional de acidentes tornou-se obrigatória em 2001. Todos os hospitais devem informar acidentes com escorpiões ao Ministério da Saúde. No primeiro ano, foram comunicados 18 mil acidentes e, cinco anos depois, em 2006, o número subiu para 38 mil e, em 2011, 46 mil.
No entanto, muitos acidentados não procuram ajuda médica, o que pode elevar o número. O estado que mais registra problemas com escorpiões e Minas Gerais, seguido por Pernambuco, Bahia e São Paulo. O maior número de acidentes ocorre entre outubro e janeiro, especialmente nas primaveras mais secas.
Os efeitos da picada
A picada do escorpião gera ardência e dor local intensa, imediatamente seguida por inchaço, vômitos, diarreia, salivação excessiva, sudorese, elevação da frequência cardíaca e os homens podem apresentar ereções involuntárias e dolorosas.
Em caso de injeção de grandes quantidades de veneno, a pressão sobre o sistema cardiovascular pode levar à morte, especialmente em crianças e pessoas debilitadas. Apenas no Estado de São Paulo, em 2011, morreram 91 pessoas picadas (40 crianças).
A dor deve ser tratada imediatamente, inclusive com o uso de anestesia no local da picada. O soro antiescorpiônico só deve ser ministrado em casos graves, quando o paciente apresentar arritmia cardíaca, por exemplo. Enquanto se espera o socorro médico, compressas de água morna ajudam a aliviar os sintomas. Gelo e álcool intensificam a dor.
A referência para o tratamento contra picadas de escorpião é o Hospital Vital Brazil, do Instituto Butantan. O telefone do hospital é (11) 2627-9528 e o serviço funciona 24 horas por dia.