Bater uma palma da mão na outra é uma expressão de satisfação comum aos primatas superiores, como nós, os gorilas, chimpanzés, etc., e provavelmente o aplauso é mais antigo que a humanidade, manifestação anterior à voz. A origem do aplauso é incerta, mas provavelmente, entre os homens, foi criada para marcar o ritmo de músicas e danças.
Nos rituais, historiadores estimam que o aplauso foi adotado há mais de três mil anos, entre diversos povos, como caldeus, egípcios e hititas, como forma de obter o favor dos deuses. Inicialmente, era um gesto essencialmente religioso. O barulho das palmas seria uma forma de chamar a atenção das divindades e ancestrais mortos.
Alguns séculos mais tarde, ainda como um ato de fervor, os artistas do teatro clássico grego (cerca de 500 a.C.) pediam aplausos da plateia para os espíritos protetores das artes e principalmente para Dioniso, divindade das orgias e do vinho, para que a peça fosse bem encenada. O teatro grego nasceu a partir de festividades em celebração a Dioniso. O hábito se manteve mesmo com o declínio das celebrações: as palmas passaram a ser dirigidas diretamente aos artistas, como sinal de aprovação.
Os aplausos foram importados por Roma e tornaram-se comuns nos discursos políticos, especialmente no final da República (século I a.C.). Alguns anos depois, o imperador Nero (37 – 68 d.C.), sempre preocupado com as aparências, fazia-se acompanhar por uma claque de cinco mil soldados de infantaria e cavalaria, cuja função essencial era aplaudi-lo em suas apresentações artísticas – o governante tinha pretensões a músico e cantor.
Com as constantes movimentações do exército romano pelo Velho Mundo, o aplauso espalhou-se por quase toda a Europa, norte da África e Oriente Médio. Com a expansão do Cristianismo, no entanto, as manifestações de alegria passaram a ser mal vistas – o sofrimento era o caminho da salvação – e as palmas foram reprimidas na Europa, só ressurgindo na Idade Moderna. Nos séculos XVII e XVIII, teatros franceses que encenavam a Commedia dell’Arte, importada da Itália, contratavam pessoas com uma única função: aplaudir os atores ao final do espetáculo.
Esta prática se mantém até hoje. Diversos programas de TV contratam uma “plateia” apenas para rir e aplaudir os quadros apresentados. Em alguns casos, os aplausos são pré-gravados e reutilizados em diversas apresentações. Em programas de auditório, assistentes de produção levantam placas com as instruções “Rir” e “Aplaudir”, para que os convidados se manifestem.
O aplauso evoluiu. Bater palmas lentamente é um sinal de desaprovação; bater palmas num crescendo de intensidade é um sinal do público de que o artista está demorando demais para encerrar o espetáculo. Por fim, em alguns ambientes, bater apenas os dedos é considerado uma forma mais educada de aplaudir.