A pólvora é uma substância que queima com rapidez e é utilizada como propelente e explosivo para cartuchos de armas e detonadores. Trata-se de uma composição de salitre (nitrato de potássio), carvão vegetal e enxofre. A criação é controversa: alguns historiadores afirmam que o frade inglês Roger Bacon é o autor da invenção. Outros atribuem a invenção ao monge alemão Bertold Schwartz, provavelmente no século XIII.
A palavra “pólvora” vem do latim “pulvis”, “pulveris”, que significa simplesmente “pó”. Em inglês, o termo empregado é “gunpowder”, ou “pó de arma”. A substância é a parte inflamável (pelo calor) do carvão e do enxofre, que libera grande quantidade de gases, com expansão e força. “Em polvorosa”, expressão que significa com muito barulho, muita agitação, deriva do pó explosivo.
Versão histórica
Para a maioria dos estudiosos, porém, os primeiros a utilizarem a pólvora, ainda no século IX, foram os mongóis, grupo étnico que habita as estepes da Ásia central; no auge do império, os mongóis ocuparam desde a Coreia do Sul até o mar Báltico. Em 1126, os mongóis atacaram os húngaros com canhões propelidos por pólvora.
De acordo com esta hipótese, a pólvora teria sido introduzida na Europa pelo aventureiro veneziano Marco Polo, um dos primeiros ocidentais a percorrer a Rota da Seda, que atinge a China. Seja como for, a pólvora sempre foi utilizada com fins bélicos e também para a produção de fogos de artifício.
Os prováveis inventores da pólvora eram alquimistas (um misto de cientistas e magos), que estavam procurando um elixir para a vida longa. Uma curiosidade: antigos tratados de alquimia, ao discorrer sobre o explosivo, sempre indicavam o seguinte: “nunca misture certos materiais uns com os outros”.
Durante muito tempo, considerou-se que a pólvora produzida com carvão mineral (ou grafite) era mais eficaz para as explosões. O motivo seria que esta substância possui maior teor de carbono. No entanto, o que causa a detonação são os materiais voláteis presentes no carvão. A melhor matéria-prima é a madeira do salgueiro, mas outros lenhos pouco densos também são empregados.
Os tipos de pólvora
Existem dois tipos de pólvora: a negra, usada em carabinas, mosquetes, canhões e qualquer armamento de alimentação frontal. Ela é utilizada até hoje em armas de guerra, caça e detonação para exploração de minério.
A pólvora sem fumaça (o termo exato seria “com pouca fumaça”). Ela queima apenas na superfície dos grãos de sua constituição. Isto garante uma propulsão constante e controlada. Os projéteis impulsionados com este material possuem sete perfurações, que estabilizam a taxa de queima de fora para dentro.
Um pouco de história da pólvora
Existem relatos de que os chineses empregavam a pólvora desde o século I; o uso em armamentos, porém, só surgiu no século X. Os guerreiros utilizavam o explosivo para o lançamento de foguetes e bombas lançadas a partir de catapultas (instrumentos de cerco para lançar objetos a grandes distâncias).
Os canhões surgiram em 1126. Tubos confeccionados com bambu eram usados para lançar mísseis contra o inimigo. Posteriormente, o bambu foi aposentado e os exércitos passaram a utilizar tubos de metal. A invenção, no entanto, permaneceu por pouco tempo como exclusividade chinesa: em poucos anos, o Japão já dominava a tecnologia da pólvora e, em 200 anos, Oriente Médio e Europa já tinham canhões, bacamartes e carabinas à disposição.
No início do século XIV, na península Arábica, foi criado o primeiro lançador portátil de projéteis, semelhante a um rifle atual, arma longa que corresponde a uma evolução dos arcabuzes, bacamartes de ombro, mosquetes, mosquetões e espingardas. O salitre, um dos ingredientes da pólvora, era obtido com a queima de fezes de animais.
Na Europa, o uso da pólvora em canhões foi retardado pela dificuldade na obtenção de tubos de metal suficientemente resistentes para conter a explosão, impelindo os projéteis para frente; as armas só se tornaram seguras no século XV.
Enquanto isto, os chineses utilizavam largamente a pólvora. As muralhas de Pequim, atual capital da China, foram especialmente projetadas para suportar ataques de artilharia. No século XIII, o império conquistou a Mongólia e, no século XV, a capital foi transferida, pela dinastia Ming, de Nanjing, cidade cercada por colinas que facilitavam os ataques inimigos.
Os avanços da metalurgia, entre os séculos XV e XVII garantiram grandes avanços tecnológicos, tanto na Europa, quanto no Extremo Oriente. A conquista da América, pelos europeus, só foi possível graças às armas de fogo, que neutralizaram as forças de astecas e incas, impérios com estrutura sofisticada para a época.
Se a invenção da pólvora é atribuída aos povos orientais, gradativamente a Europa passou a dominar a produção de armas de fogo. Esta nova tecnologia, no entanto, foi transferida novamente para a China e Japão pelos padres jesuítas, cujas missões tiveram início no final do século XVI.
Em 1884, o químico francês Pierre Vieille inventou a “pólvora sem fumaça” (poudre B), feita de nitrocelulose gelatinosa, éter e álcool. Rapidamente, a nova pólvora, que garantiam a precisão da pontaria por mil metros, foi adotada pelo exército francês e outras forças da Europa seguiram o exemplo.
A pólvora de Vieille é um grande avanço na história das armas de fogo. Sem fumaça, ela garante pouca fumaça no momento do disparo e tem um potencial explosivo muito mais poderoso do que o oferecido pela pólvora negra.
Em 1887, o cientista sueco Alfred Nobel desenvolveu uma nova versão da pólvora sem fumaça, a cordita, mais fácil de transportar e mais poderosa do que a poudre B. A invenção do sueco (que criou o prêmio que leva seu nome, entregue anualmente para expoentes das ciências e humanidades) possibilitou o desenvolvimento de armas automáticas e semiautomáticas.
A queima da pólvora negra deixa um resíduo corrosivo e higroscópico (que absorve a umidade do ar, reduzindo a vida útil do armamento). A pólvora sem fumaça permitiu a produção de armas com diversas peças móveis, sem riscos de emperramento causado pela ferrugem.