A inversão geomagnética é a rotação em 180° do eixo da Terra. No início do século passado, geólogos perceberam que rochas vulcânicas estão magnetizadas de forma oposta à esperada. O primeiro cientista a perceber o fenômeno foi o japonês Motonori Matuyama, que verificou que algumas rochas apresentavam polaridade invertida, e todas elas datavam do Pleistoceno, período geológico encerrado há 780 mil anos.
Na época, pouco se sabia sobre o magnetismo terrestre. 30 anos depois, no entanto, com a ampliação dos conhecimentos, surgiu a primeira teoria da inversão dos polos da Terra, que sugeria a rotação a cada milhão de anos. Posteriormente, com a análise do subsolo, verificou-se que as inversões não ocorrem em períodos constantes, ou seja, fatores como a erupção de vulcões e terremotos afetam o “calendário” deste fenômeno, que já ocorreu muitas vezes: mais ou menos a cada 250 mil anos, o polo Norte vira polo Sul. Mas os dados geológicos informam que duas inversões ocorreram num prazo menor: apenas 50 mil anos de intervalo.
O norte magnético da Terra migrou 1.500km durante o século XX. Cientistas da Agência Espacial Europeia pretende lançar três satélites até a magnetosfera (espécie de envolve a Terra com a sua atmosfera, formado pela interação entre o campo magnético terrestre e os ventos solares). O objetivo da agência é estudar os motivos da perda significativa (10%) da força do campo magnético.
Nosso vizinho Marte
As consequências do enfraquecimento do campo magnético, determinado pela inversão dos polos, podem ser graves. O planeta vermelho perdeu seu campo magnético, há 3,8 bilhões de anos, provavelmente em função deste fenômeno, que parece ser comum a todos os astros do Sistema Solar, inclusive os asteroides, em que ocorrem com uma frequência maior, por causa do pequeno tamanho destes rochedos espaciais.
É possível que esta perda tenha impedido – ou reduzido drasticamente – as possibilidades de desenvolvimento da vida em Marte. O campo enfraquecido permitiu que o vento solar atingisse a superfície do planeta, que destruiu a atmosfera e aumentou a radiação solar na superfície. Se havia vida no planeta, ela foi extinta ou teve que se refugiar para o subsolo.
O fenômeno na Terra
É provável que a inversão dos polos ocorra nos próximos 500 anos na Terra. No entanto, nosso campo magnético tem a capacidade de se regenerar, mas isto pode levar muito tempo, prejudicando dezenas de espécies que se movimentam orientando-se pelo polo Norte magnético do planeta, como diversas aves migratórias e muitas baleias e golfinhos.
Não é possível avaliar se haverá problemas para as sociedades humanas. Em 2012, os catastrofistas do fim do mundo (que não está no calendário maia, que só prevê o final de um ciclo, mas rendeu muito dinheiro com filmes e livros sobre o assunto) anunciaram que a inversão provocaria terremotos e maremotos, culminando na data fatídica do Apocalipse: 21 de dezembro. Como se sabe, nada aconteceu.
Os efeitos mais prováveis desta inversão só serão mais intensos no caso de acontecerem num ano de intensa atividade solar, com explosões e tempestades de raios. Caso isso ocorra, sinais de satélite, para TV, celulares e aparelhos de GPS poderão ser afetados. Até mesmo a transmissão de energia pode ser interrompida ou danificada.
A radiação solar também ficará mais forte com o campo magnético fraco ou nulo. Como o fenômeno é previsível com alguma antecedência, é possível que sejam instalados verdadeiros chuveiros de bloqueador solar nas residências e empresas: as possibilidades de doenças da pele vão ser ampliadas exponencialmente. Mas, com a estabilização, os efeitos não serão prejudiciais: apenas haverá neve em São Paulo e belos dias de praia no inverno em Lisboa, por exemplo. Nossa capacidade de adaptação é muito grande, e não é a inversão dos polos que vai provocar a extinção do “bicho homem”.