O café é originário da Etiópia, país do nordeste africano. A planta, Coffea arabica, foi encontrada por acaso, quando um pastor percebeu que suas ovelhas ficam mais vivazes depois que pastavam em determinados arbustos. A lenda conta até o nome do pastor, Kaldi, que ofereceu frutos da planta a um monge da região, que passou a tomar a infusão do café para resistir ao sono durante as longas horas de preces diárias. Assim começa a história de uma das bebidas mais populares do mundo.
A palavra “café” é derivada do árabe qahwa, o mesmo termo que designa “vinho”, o que demonstra a importância da bebida no mundo islâmico (o vinho era uma das principais riquezas da época, mas a religião islâmica proíbe o consumo de álcool). Alguns desenhos rupestres parecem mostrar que as propriedades do café já eram conhecidos por povos mais antigos, que usavam uma pasta feita com os frutos e folhas para engordar animais e conferir maior poder físico aos guerreiros.
O café espalhou-se por todo o mundo árabe. O Iêmen foi um importante centro de cultivo, de onde a bebida espalhou-se para o oriente. No século XIV, o café chegou à Pérsia (atual Irã), de onde vêm as primeiras notícias da torragem dos grãos, aproximando a bebida da atual forma de consumo.
No século XV, foi aberta a primeira loja de café em Constantinopla, pouco depois que a cidade foi conquistada pelos turcos, fato que deu fim ao Império Romano do Oriente. Cem anos depois, a bebida aportou em Veneza (Itália) e imediatamente seu consumo foi proibido pela Igreja. O café só foi liberado depois que o papa Clemente VII provar a bebida. A partir daí, a bebida se popularizou em toda a Europa.
O café no Brasil
Em 1727, o sargento Francisco de Melo Palheta foi incumbido, pelo governador da Província do Grão Pará, de conseguir mudas de café, já transformado em importante produto agrícola. O militar foi à Guiana Francesa e obteve mudas, trazidas para o Brasil clandestinamente.
Os primeiros cafezais foram plantados no Pará, Maranhão e Bahia, mas as condições agrícolas não eram adequadas. No século XIX, foi trazido para a região Sudeste, onde a planta se adaptou aos quatro estados: Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo. O rendimento do café transformou as então províncias e, a partir de 1850, tornou-se o principal cultivo do país, fonte de riqueza para os chamados “barões do café”.
O café tornou São Paulo o Estado mais rico do país já nas primeiras décadas do século XX. A importância da cultura era tão forte que até batizou a política do período: foi a etapa do “café com leite”, alusão ao rodízio entre paulistas e mineiros (criadores de gado) na presidência do país, que durou até o golpe de estado de Getúlio Vargas. A construção das ferrovias paulistas permitia o escoamento da produção para o Porto de Santos, de onde o café seguia para os mais diversos países.
Ainda hoje, apesar de ter sido superado por outros países, como a Colômbia, o café continua sendo um dos principais produtos de exportação do país. Atualmente, profissionais especializados, os baristas, criam novas receitas com o café e estabelecimentos comerciais criam verdadeiras guerras de criatividade para atrair novos clientes.