A história da Parada o Orgulho Gay (ou Orgulho LGBTT – lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais) teve início em 1969, com a chamada Rebelião de Stonewall. O Bar Stonewall, em Nova York (EUA), reduto homossexual da cidade, sofria constantes extorsões da polícia. Além disto, os frequentadores eram ridicularizados e chegavam a sofrer agressões físicas.
A situação começou a mudar no dia 28 de julho. Como de rotina, os soldados começaram a apreender os travestis do bar. Alguns funcionários também foram presos. De repente, os 400 gays e lésbicas que estavam no local no momento da ronda policial começaram a vaiar e partiram para a agressão física: arremessaram latas e garrafas de cerveja, além de uma chuva de moedas, um símbolo da corrupção dos agentes da lei.
No dia seguinte, o contingente policial chegou reforçado no bar. Mas os gays, lésbicas e travestis também estavam mais organizados: dois mil manifestantes atacaram mais uma vez a polícia, picharam paredes e vitrines da região e começaram a gritar palavras de ordem contra a corrupção e a violência. A manifestação foi severamente reprimida. Foram três dias de protesto, até que a imprensa começou a noticiar e a polícia teve que ceder.
Nesta época, a população homossexual ficava “no armário”, isto é, mantinham uma vida dupla: comportava-se como heterossexual durante o dia e só exibia sua condição em locais fechados (ainda hoje, muitos gays e lésbicas ocultam suas preferências sexuais). A partir de então, este grupo passou a apresentar maior visibilidade e surgiram os primeiros simpatizantes da causa, pessoas que frequentam bares e baladas LGBTT, apesar de continuarem preferindo se relacionar sexualmente com o sexo oposto.
Desde então, o 28 de Junho é o dia do orgulho gay nos EUA e a parada se espalhou por dezenas de países. Os símbolos do movimento são a bandeira do arco-íris e a borboleta. A maioria das nações europeias e americanas adotou o gay pride. No Brasil, em 2006, o número de manifestações ultrapassou cem paradas em diferentes cidades. A maior delas é a de São Paulo, sempre realizada em junho, que, de acordo com os organizadores, reuniu três milhões de manifestantes neste ano. É o evento que atrai mais turistas para a cidade e, no país, só perde para o Carnaval do Rio de Janeiro em concentração de pessoas.
Estima-se que 10% da população sejam constituídos por homossexuais e bissexuais. No decorrer da história, este grupo foi tratado de maneiras diferentes: por exemplo, entre os judeus, gays e lésbicas eram impedidos de cumprir os ritos as religião, enquanto na Roma e Grécia antigas, não havia tabus. Mais recentemente, no século XIX, a homossexualidade foi criminalizada no Ocidente e a situação só mudou quando a Organização Mundial da Saúde retirou a orientação sexual do código internacional de doenças, em 1991. Mesmo assim, 76 países ainda mantêm a proibição às relações homoafetivas.
O primeiro projeto para legalizar o chamado casamento gay foi protocolado na Câmara dos Deputados ainda nos anos 1990, mas nunca chegou ao plenário da casa parlamentar. O Poder Judiciário, no entanto, já garantiu diversos direitos constitucionais, como a adoção de crianças e a celebração de contratos de união civil. Em maio de 2013, o Supremo Tribunal Federal determinou que os cartórios do país não podem se recusar a registrar estes contratos.
Em contrapartida, a Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara aprovou o projeto para regulamentar a cura gay, isto é, submeter homossexuais insatisfeitos a tratamento psicológico e psiquiátrico para reverter a preferência sexual, contrariando uma resolução de 1999 do Conselho Federal de Psicologia, que proíbe a oferta deste tipo de tratamento.
A proposta deve ser submetida ainda às comissões de Constituição e Justiça e Família e Seguridade Social. Mesmo que aprovada, deve ser derrotada no plenário, ou vetada pela presidente da República. Mesmo assim, fica um gostinho de “retornamos à Idade Média”, apenas por esta discussão estar acontecendo entre nossos nobres parlamentares.
Viva a diversidade. Como diz Caetano Veloso, “é proibido proibir”. E Raul Seixas completa: “faça o que quiseres, pois é tudo da lei”.