O conceito segundo o qual “o homem evoluiu do macaco” surgiu de detratores da teoria de Darwin, que tentavam desacreditá-la – e acabou permanecendo até nossos dias. Charles Darwin, naturalista britânico, formulou sua tese sobre a evolução humana – e, de resto, de todos os animais, em “Da Origem das Espécies”, livro publicado em 1859.
Na verdade, o naturalista inglês apenas sugeriu que homens e os outros primatas derivaram de um tronco comum na árvore da evolução. Na época – em pleno século XIX, cientistas tentavam conciliar preceitos bíblicos à teoria da evolução. Membros notáveis da Real Sociedade de Londres chegaram a afirmar que os dinossauros – cujos primeiros fósseis começavam a ser encontrados – foram extintos porque eram grandes demais para caber na arca de Noé.
Darwin desenvolveu sua teoria sobre a evolução humana e de todas as demais espécies vegetais e animais em uma época na qual os cientistas nem sequer suspeitavam da genética. Ele chegou às suas conclusões durante uma viagem de circum-navegação a bordo do navio HMS Beagle. Suas observações ficaram registradas na obra “Diário e Anotações”, editado em 1839, oito anos depois da viagem e configuram um grande avanço para a paleontologia, geologia, antropologia e biologia, então recém-nascidas com rigor científico.
A viagem do Beagle
Darwin passou a maior parte do tempo viajando fazendo explorações em terra firme: três anos e três meses explorando continentes e ilhas e 18 meses navegando. Uma de suas contribuições foi o melhor levantamento cartográfico do Rio de Janeiro, cuja localização gerava confusão na maior parte das cartas náuticas. Ele ainda fez um levantamento próximo as Ilhas Malvinas (Grã-Bretanha) e nas Ilhas Galápagos (Equador).
Neste ponto da viagem, o naturalista demonstrou sua genialidade ao observar iguanas, grandes répteis que não ocupavam um espaço comum. Darwin percebeu que, de alguma forma, os animais haviam se adaptado a diversos hábitats: existem iguanas marinhos, terrestres, fluviais e arborícolas. Em Galápagos, nasceu a teoria da evolução: os répteis, alguns feios e desajeitados, outros misteriosos e brilhantes, tinham conseguido se adaptar a diferentes condições de vida.
Outro apontamento de Darwin: as aves que colonizavam as ilhas eram totalmente diferentes das europeias, aproximando-se do aspecto das sul-americanas. E não aparentavam qualquer medo dos marinheiros: aproximavam-se curiosas, para tentar entender o que eram aqueles macacos pelados. Humanos não eram nada comuns neste trecho do oceano.
Mas o preconceito eurocêntrico não deixou de pontuar o trabalho do cientista: as avistar índios da Terra do Fogo, ele registrou: assim deviam se parecer nossos ancestrais. Na Nova Zelândia, assustou-se com o aspecto dos maoris, conhecidos pelas muitas tatuagens pelo corpo. Para o branco e protestante Darwin, aquilo era sinal de grosseria e desrespeito.
Mais descobertas sobre a evolução humana
A paleontologia nasceu no século XIX, como tantas outras ciências, em função dos avanços tecnológicos e do conhecimento humano. A semelhança entre os primatas (gorilas, chimpanzés, orangotangos, bonobos e o homem) é gritante, mas podemos achar semelhanças mesmo entre pequenos macacos. A primeira preocupação dos paleontólogos foi tentar entender quem eram os “homens das cavernas” e qual a sua função na nossa história.
Fósseis do homem de Neandertal, que viveu na Europa e em algumas partes da Ásia entre 350 mil e 30 mil anos atrás, haviam sido encontrados em 1848 e intrigavam os pesquisadores. Eles teriam sido nossos ancestrais? A religião estava errada? Este era um dilema e tanto para ser resolvido.
A teoria da evolução humana já havia sido proposta por cientistas como Alfred Russel Wallace e Charles Lyell e geravam tremendas discussões nas rodas acadêmicas de Londres. Quando Darwin publicou seu livro, no entanto, teve a quase unanimidade de reprovação.
Detratores penduravam caricaturas do naturalista, transformado em macaco.
Mas a teoria avançava. Desde o tempo do naturalista sueco Carlos Lineu, pai da classifica taxonômica de animais e plantas, a hipótese de existir um elo entre os primatas. Mas admitir o desenvolvimento de várias espécies a partir de um tronco comum ao nosso era demais para os orgulhosos europeus. Além disto, a tese foi fortemente reprimida do Estado e da Igreja Anglicana.
A disputa seguia, mas não foram encontrados outros fósseis de hominídeos. Mas as descobertas estavam se avolumando. Na última década do século XIX, surgiram evidências na África e Ásia, do homem de Pequim e do Homo erectus, entre outros. A explicação bíblica foi afundada ainda mais no passado e muitos religiosos acreditam que o Livro da Gênese é apenas uma explicação poética para a criação do homem e para e predileção de Deus com a sua última criatura.
Evolução Humana: Mais fósseis
Raymond Dart descreveu o Austrapithecus africanus. Ele encontrou um bebê, o “bebê de Taung”, na África do Sul em 1925, já de posse dos conhecimentos da genética – o padre Gregor Mendel havia feitos experimentos, entre 1843 e 1854, que comprovam as transmissões de pai para filho, através de gerações. Darwin acrescentou que, para transmitir seus genes para a prole, era preciso estar entre os melhores da espécie.
Os Australopithecus são considerados hoje como ancestrais imediatos do gênero Homo – eles fazem parte da mesma família biológica. Uma das comprovações é o crânio do bebê de Taung, bem menor do que o nosso, mas já apresentando o aspecto arredondado.
Nosso gênero se afastou de outros hominídeos há cerca de 2,3 milhões de anos, ainda na África. É provável que uma mudança climática tenha obrigado o Homo sapiens a modificar seus hábitos: andar com a coluna vertebral ereta para observar inimigos e predadores, passou a construir ferramentas rudimentares e o cérebro foi de desenvolvendo lentamente, até atingir os padrões atuais.
Os primeiros do gênero Homo, a África era escassamente povoada por alguns hominídeos, como os Ardipithecus, Australopithecus (um deles, o afarensis, desenvolveu o bipedismo) e Paranthropus. Pertenceram ao gênero Homo o H. habilis, H. ergaster, H. ergaster, H. heidelbergensis, H. floresiensis e os primos Neandertais.
Cientistas avaliam que nosso parente mais próximo é o chimpanzé, de quem nos separamos há sete milhões de anos. A migração para da África é bem mais recente: ocorreu apenas entre 50 mil e 100 mil anos atrás. O mapeamento do DNA humano, quando comparado ao dos demais primatas, mostra diferença de menos de 2% em nossas cargas genéticas.
O Homo sapiens arcaico deve ter desenvolvido muitos utensílios e armas, porque a hipótese mais provável é que ele seja responsável pela extinção do Homem de Neandertal. Alguns cientistas, no entanto, acreditam que possa tenha havido miscigenação entre as duas espécies, gerando o homem moderno.