Esqueça o cachorro que baba demais (como o adorável são bernardo), o gato fofinho que, sem aviso, solta bolas de pelo no tapete ou no sofá ou as aves que utilizam esterco para construir ninhos (uma delas, o Molothrus rufoaxiliaris, nativo do Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai, é conhecida como “vira-bosta”): os animais mais nojentos do mundo são contraindicados para pessoas com estômago delicado).
Gigante pela própria natureza
Muitas pessoas já brincaram com os simpáticos tatuzinhos (ou bichos-de-conta), artrópodes isópodos que, em qualquer emergência ou risco de ataque, encurvam o corpo até se transformar em bolinhas. Um parente deles, no entanto, não parece muito indicado para brincadeiras.
O Bathynomus giganteus (até o momento, ninguém se deu ao trabalho de dar um nome popular para ele) apresenta características semelhantes ao do tatuzinho: não apresenta carapaça, tem o dorso achatado no dorso e no ventre e apresenta os segmentos do corpo fundidos parcialmente. Mas, em contrapartida, este gigante é marinho.
O giganteus pode atingir até 60 centímetros de comprimento. A espécie foi descoberta em 1879; ela habita ambientes pelágicos estéreis (sem outras espécies animais ou vegetais) e alimenta-se de restos que descem das camadas mais elevadas do oceano.
Os ambientes pelágicos estão situados a partir de 200 metros abaixo do nível do mar, mas determinados espécimes de Bathynomus giganteus, ainda não se sabe por quê, emergem à tona d’água e acabam sendo capturadas por redes de barcos de pesca.
Bichinhos de pelúcia?
Os coalas (Phascolarctus cinereus) inspiraram a criação dos ursinhos que abarrotam os quartos de bebês, crianças e adolescentes. Nativos do leste da Austrália, estes marsupiais (na verdade, ele são parentes dos cangurus e gambás) encantam os observadores: são peludos, meigos, passam a maior parte do tempo dormindo, não atacam seres humanos e alimentam-se apenas de folhas e brotos de eucalipto.
Por outro lado, os coalas exibem alguns comportamentos estranhos – nojentos, mesmo. Quando ainda são recém-nascidos, as folhas de eucalipto não são uma boa iguaria, pois ainda lhes falta a companhia de algumas bactérias (presentes no intestino). Para desenvolvê-las, os filhotes vão lamber “direto à fonte”, que, neste caso, é o ânus da mãe.
O período fértil dos coalas ocorre durante quatro meses, entre fevereiro e junho. Os machos maduros exploram o seu território, anunciando a presença com um ruído semelhante ao se um mugido. O coito acontece sobre a copa das árvores, em posição vertical – eles são verdadeiros malabaristas.
Na língua local, “koala” significa “animal que não bebe”. Na realidade, os coalas são chegados a uma bebidinha, e até abusam dela. A aparência foi definida porque estes marsupiais bebem apenas o suco oleoso das folhas de eucalipto.
Fio terra?
Os elefantes (das espécies Loxodonta sp. e Elephas sp.) são um dos maiores sucessos dos jardins zoológicos do planeta. Felizmente, a sua “atuação” em circos foi proibida em 28 países, inclusive o Brasil (desde 2015). São animais majestosos, deslocam-se em bandos e parecem ter movimentos graciosos, apesar das toneladas de peso: um elefante africano macho atinge dez mil quilos.
Os maiores animais terrestres do planeta, porém, exibem um comportamento terrível, para dizer o mínimo. Eles costumam se movimentar em fila indiana (quem não se lembra do coronel Tóti, comandante dos policiais em “Mógli, o Menino Lobo”) e estas filas fornecem uma fonte de alimento quase inesgotável: as fezes do colega que segue imediatamente à frente.
Não se trata, porém, de uma prática sexual bizarra: elefantes são herbívoros, passam boa parte do dia pastando e, com isto, eliminam material orgânico de qualidade juntamente com as fezes. Para evitar o desperdício, o companheiro que vem atrás se encarrega de introduzir a tromba no orifício anal do elefante que vem à frente, levando o cocô diretamente à boca.
Este, no entanto, não é um hábito diário. Os animais adultos só procuram o ânus do parceiro quando sentem indisposições intestinais, quase sempre provocadas pela carência de bactérias na mucosa do intestino. Os filhotes, por outro lado, abusam das fezes do grupo (todos os adultos cuidam dos elefantes “menores”): eles precisam fortalecer a flora intestinal.
Seguindo o mesmo cardápio
A capivara (Hydrochoerus hydrochaeris) é um roedor presente em praticamente todo o território brasileiro e nas regiões amazônicas de outros países sul-americanos. Extremamente bem adaptada, a espécie consegue sobreviver ao nível do mar e a 1.300 metros de altitude.
Um exemplo desta versatilidade: há mais de duas décadas, um bando de capivaras foi solto às margens do rio Pinheiros, que cruza a capital paulista. Apesar do elevado nível de poluição (o rio é considerado morto), os roedores passeiam pelas matas ciliares e chegam a dar shows acrobáticos nos mergulhos de uma margem à outra. Apenas para comparar, um ser humano que caia no Pinheiros pode desenvolver uma série de doenças e até mesmo morrer.
A dieta das capivaras se resume a plantas aquáticas, grama, raízes e frutos. Um sinal de que uma iguaria está disponível é a aparência das fezes dos companheiros: se estiverem esverdeadas e macias, significa que reúnem elevado potencial nutritivo. Então, por que desperdiçar?
Animais bacaninhas
Existem muitas curiosidades legais sobre os hipopótamos (Hippopotamus amphibius): são os animais terrestres dotados com a maior boca, orelhas e narinas ficam localizadas na parte superior da cabeça (para facilitar o nado, elas se fecham automaticamente quando os animais estão submersos) e as fêmeas nutrizes alimentam as crias com leite cor-de-rosa.
A parte legal da história termina aí. Os hipopótamos são os animais de grande porte que mais matam seres humanos, superando os tubarões, crocodilos e tigres. Um hipopótamo sozinho consegue virar uma embarcação de médio porte.
Existe uma parte ainda mais nojenta: os machos, quando evacuam, transformam a pequena cauda em um rotor e espalham fezes para todos os lados. Eles fazem isto para delimitar o território. Se estiverem com gases, a “performance” fica pior: a enxurrada de fezes aparentemente sem fim é acompanhada por um sonoro pum.
Dieta rica em ômega 3
O regime alimentar dos pinguins (eles estão classificados em seis gêneros) não é muito variado: eles comem apenas peixes e alguns crustáceos e moluscos (algumas espécies comem apenas plâncton). Estas aves (sim, pinguins são aves), vivem na região costeira da Antártica e, no inverno, migram para outras regiões, como a Patagônia, África do Sul e Austrália.
Alguns bandos chegam à costa brasileira, mas, em geral, isto ocorre por desorientação: inadvertidamente, os pinguins são colhidos por correntes marítimas quentes (que viajam do polo Sul para a linha do Equador) e chegam ao Brasil exaustos e, muitas vezes, desnutridos, demandando auxílio veterinário para sobreviver.
As fezes destas aves não podem ser consideradas bem cheirosas. Provavelmente, este é o motivo por que os pinguins eliminam “bolotas de cocô” em jatos que podem chegar a 40 centímetros de distância (um pinguim-imperador, que atinge 1,2 metro de altura, arremessa as fezes a 80 centímetros).
Especialistas afirmam que os pinguins defecam desta forma para evitar que as penas em torno da cloaca fiquem úmidas. Antes de se “aliviar”, estas aves sempre observam a direção do vento (para evitar um banho de cocô) e nunca dirigem os jatos para outros membros do bando. Acidentes, no entanto, sempre acontecem.